SAPATO DE NOIVA
Mafalda estava mais amuada que zagueiro na hora do gol contra (quase Belchior). Se pudesse, enforcava o Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar:
-- Que papelão!
-- Papelão o demônio! – retrucou nosso caçador de bicho do pé inexistente. Quer dizer que o esfolado tem culpa de ser esfolado? Não me faltava mais nada.
-- Quem mandou você ir ao casamento?
-- Você. Quem seria? Só obedeço você.
-- E precisava ser malcriado, falar tudo aquilo, poucas e boas? Homem sem modos.
-- E o que lhes disse que eles não precisassem ouvir?
-- Nem repito. Sou educada.
-- A gente compra terno, a mulher compra vestido, dá presente, paga estacionamento e um pedacinho de gravata. Pra comer salgadinhos vagabundos e tomar chope quente.
-- Quem mandou ir?
-- Você. Já lhe disse. Agora, nem me assusto com a noiva e amigas virem com um pé de sapato na bandeja, a tomar dinheiro miúdo das convidadas. Roubam dos dois lados: noivo e noiva. A desgraça é que colocam adesivo em quem contribuiu. E expõe os demais à miséria. São ridículos.