Final de tarde.
                Sentei-me à mesa, na varanda, a procura de ar fresco. Sobre a mesa algumas folhas branca de papel e três lápis. Uma palavra perdida no pé de uma das folhas: PÉ, esquecida, por certo, do poema “Teus pés”.
            Tão pequena e simples a me desafiar. Tudo bem! Não corro assim tão fácil. Abri algumas gavetas de minha mente. Com leveza, segurei um dos lápis e passei a riscar a folha.
                Não importa a morfologia, o tipo de pé. Pé é pé, pensei.
                Seja Pé Polinésio, com dedos quase do mesmo tamanho. Indicando que a turma de baixo se esqueceu de crescer.
            Pé Grego, em homenagem às estátuas clássicas. Muito comum. Talvez, mais comum do que se possa imaginar. Aquele em que o segundo dedo, após o dedão, é mais longo, depois o terceiro um pouco menor, seguindo, nesta proporção, o quarto e quinto.
            Por falar em estátuas, as egípcias também foram homenageadas. Trata-se do Pé Egípcio. Alusão à estampa dos pés dos faraós.  O dedão é longo e a fileira dos outros quatros decresce um a um. Dizem que a morfologia dele pré-dispõe a ter Joanetes e Artrose Metatarso Falangeana.
            Instintivamente, larguei o lápis sobre o papel rabiscado. Afastei a cadeira. Tirei os tênis e as meias para examinar a morfologia dos meus pés. Ufffa! Alivio: Pé Grego. Livre daquelas pré-disposições.
            Com a turma debaixo respirando livre retornei a posição de escriba. Tomei do lápis para continuar.
            Não sei o porquê, mas veio à mente a planta do pé, popularmente conhecida como sola.  O casco.
            Pé Chato, aquele pé de sola plana, tipo tabua. Dizem que é a causa de desconforto e dores nas longas caminhadas. Talvez, por isto que muito marmanjo é dispensado do Serviço Militar. Imagino, também, como as meninas sofrem, em cima de seus saltos, as vibrações das passadas refletidas nos joelhos, anquinhas e coluna.
            Já, o Pé Cavo, oposto do Chato, é aquele que têm um grande arco no solado. Quanto mais oco, mais alto, pior para a dor no arco.
            Pé Normal, como se deduz, sustenta a grande maioria do viventes. Nem Chato, nem Cavo. Nem plano, nem excessivamente curvo. Livre das crises doloridas.
            Mais uma vez, Instintivamente, larguei o lápis sobre o papel riscado. Afastei a cadeira.  Passei a examinar a planta de meu pé. Olha daqui e dali. Ufffa! Alivio: Pé Normal.
            Coloquei os pés no chão e, de pé ante pé, dei no pé. Direto para uma caminhada.
             Antes, porém, peguei meu pé de coelho, para ter sorte e não encontrar nenhum pé no saco. E, se por acaso esbarrar num estaria disposto a ficar em pé de guerra. Enacarar em pé de igualdade e dizer alto e forte:  SAIA DO MEU PÉ, ô... Se insistir...Ah! Encho o pé e com um pé nas costas...
            Se o pé de coelho ajudar e anular meu pé frio, quem sabe tropique num par de pé feminino. Pés de anjo, que esteja botando o pé no mundo como eu. Se a dona dos pés for charmosa e sensual, até poderei xavecar ao seu pé do ouvido. Juro que não vou meter os pés pelas mãos e nem ficarei com um pé atrás. Tomara que ela esteja de pé direito e não me receba com o pé esquerdo, nem com um pé atrás. Se isto acontecer caio de pé, mas com dignidade.
            É um risco, eu sei. E daí? Se for um pitel, juro de pés juntos. S
ou capaz de cair aos seus pés. Afinal, não sou nenhum pé de chinelo, pé rapado ou esteja com o pé na cova. Então, quem sabe, a paquera vai dar pé.
                Bem, vou dar no pé. Talvez tenha que apertar o pé antes que caia um pé d’agua....

 
(*) Imagem Google
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 28/10/2013
Código do texto: T4545772
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