Sonhos
Um sonho ruim, quando estou metido em uma enrascada e sou terrivelmente ameaçado. Não conseguindo descobrir uma saída para a situação criada pelo meu próprio subconsciente, tenho a revelação de que tudo aquilo não passa de um sonho. Começo então a me esforçar para acordar, e o mais extraordinário é que às vezes eu consigo. Suicido-me do meu sonho e alivio-me pensando que tudo aquilo, que sequer chegou a acontecer, já passou.
Um sonho típico, cheio de circunstâncias impossíveis e reviravoltas sem explicação, e de repente eu me vejo almoçando ao lado de pessoas estrangeiras e conversando com uma mulher que diz ser do Canadá. Ela me pergunta o que eu conheço do seu país. Cito o Rush e a Alanis Morissette. Acordado, eu dificilmente me lembraria do Rush e provavelmente diria que a Alanis era americana. Às vezes gostaria de ser menos preciso, pelo menos enquanto durmo.
Um sonho lógico, quando a família está toda reunida, menos aqueles que já morreram. Mas de vez em quando eles aparecem e – coisa estranha – não falam nada. É como se soubessem que estão mortos e por isso fossem impedidos de falar. Olho para eles e, embora os veja diante de mim, também tenho consciência de que não estão vivos. Mesmo quando falam alguma coisa, eu estou certo que não fazem mais parte do mundo real.
Um sonho doce, quando a vejo do outro lado da rua, como naquele tempo em que eu não poderia viver sem ela. E, enquanto sonho, aquele tempo volta a acontecer, o que significa que ainda há esperança, que ainda não nos magoamos, e tudo o que existe é uma promessa de amor. Revivo aquelas sensações, e quando acordo estou tão comovido que coloco tudo no papel, e o resultado é sempre o melhor texto da minha vida.
Um sonho comum, em que caio, caio, caio e, quando chego ao chão, meu corpo estremece. Um sonho profético, quando aparece alguém que encontro durante o dia. Um sonho bonito, em que consigo voar – um sonho em que Freud, como sempre, vê motivos sexuais. Eu tenho um sonho: dormir bem.