BRIGANDO COM A IDEIA

Toda vez que vou escrever uma crônica, parto de uma idéia principal.... O que houve? Por que esta idéia foi sublinhada? Ah! Ideia não tem mais acento! Senhor Google, Senhor Word, Senhor Qualquer coisa tecnológica, eu sei que ideia não tem mais acento, mas acontece que sempre esqueço. Dizem que o hábito não faz o monge, mas o hábito muito me ajudou na ortografia. E agora querem que eu esqueça tudo o que levei, no mínimo, dezesseis anos para aprender? Digo dezesseis porque é o tempo que se leva nos três graus de ensino, pois a verdade é que passamos a vida inteira aprendendo e repetindo, repetindo, repetindo... Como então não plantar a ideia, sem acento agora, que ideia tem acento? Tá bom, não tem! Mas tinha e eu desafio qualquer um a demonstrar que não tinha.

Afinal o que querem de nós? Querem acabar com os que têm mais de cinquenta anos? Querem que voltemos aos bancos escolares para saber onde se colocam os acentos agora? Se for assim eu prefiro colocar o meu numa poltrona fofinha e deixar as ideias fluírem, com ou sem acento. Querem expor ao ridículo a geração que revolucionou os costumes frente à gurizada de hoje, que já nasce e aprende sob os olhares benevolentes do Google? Naqueles tempos a gente vivia e pensava através das ideias, com acento, porque não havia tanta coisa para visualizar. E agora somos bombardeados por uma reforma ortográfica que deixa nossos neurônios embolados. Se, pelo menos, fosse só o acento da ideia, mas não! Tiraram acento onde tinha, colocaram onde não tinha. Talvez porque algumas palavras já estivessem cansadas e as outras tiveram que ceder o acento à elas...

Eu poderia escrever muito mais, porque muito mais tem. Mas, para não embaralhar as ideias, sem acento, dos leitores, termino com um aviso: cuidado com o hífen que, saindo, aglutinou algumas palavras e, entrando, separou outras. Ih! Melhor parar por aqui mesmo, porque a última frase dá a impressão de outra coisa... e isto não é um conto erótico!