Um falecimento a tarde e uma chuva na madrugada.
Faz alguns meses que não escrevo nada relatando os últimos quatro meses deste velho 2013. O ano passado foi magro demais em chuvas na minha região que é sertão do Ceará. Quanto a isso tudo bem, já que não estou tratando de algo tão inusitado e anormal por aqui... sêcas e grandes invernos sempre foram características do nosso torrão semi-árido. Setembro passou mas outubro ainda não terminou, e de ontem para hoje tive a sensação de sonho, e era real, de acordar pela madrugada ouvindo o barulho e sentindo o cheiro de chuva no ar e na terra. Sem nenhuma modéstia confesso que, eu já estava com muita saudade de algumas gotas de água do céu desde o último mês de São João. O que posso dizer nesta tarde é que o meu domingo foi mais ameno, se tornou mais belo pelo cheiro do mato seco molhado e por algumas lagoas que se formaram nas partes mais baixas de algumas ruas. Russas amanheceu molhada e eu com a alma lavada.
Porém preciso dizer mais, e esse mais pode caber onde o misticismo impera, onde a imaginação poderia tornar histórico algum fato inesperado caso vivêssemos numa outra época do passado. Vou explicar melhor: é que ontem dia 26, faleceu uma senhora tia avó da minha espôsa. Essa criatura viveu oitenta e oito anos, teve tardio marido, ficou viúva, não deixou filhos e era alguém bem amarga, reclamona, de pouca labuta e talvez por isso muito solitária. Ora, todos somos diferentes, a gentileza e o bom humor não se deve esperar de todos, nem o bom caráter. Sem querer manchar a memória da finada Judite, que o Criador a tenha em sua glória, posso dizer sem meias palavras que era sim alguém insatisfeita com a vida, isto é, com a vida que ela levava. Mas agora é defunta e por já se encontrar em outra dimensão, eu faço votos que ela esteja mais satisfeita com a sua nova condição e na nova realidade que enfrenta.
Quero então citar outra vez os dois fatos... um por ter acontecido ontem por volta das seis da tarde que foi o falecimento da mulher e o outro que foi o fato de ter chovido na madrugada de hoje por volta das três da manhã, coisa que há mais de três meses não acontecia. Por esses dois acontecimentos logo me vem a pergunta: milagres acontecem? - Os devotos dizem que sim, e quem sou eu para dizer a eles que nada disso existe! O que me levou a escrever essas linhas foi exatamente aquela remota ligação que existiu há alguns anos, onde profetas e gente metido a vidente ligava um acontecimento natural a outro. Disso a literatura mística está bem recheada. Um pássaro exótico cantou fora de hora, e o acontecido era um presságio anunciando um acontecimento nefasto... ou o contrário, onde faleceu alguém pouco virtuoso de repente deu lugar a alguma benesse, como quando algum sacrifício era feito aos insatisfeitos deuses e estes podiam em seguida se acalmar e ordenar algo de bom para os fiéis daquela seita ou sociedade. Isso foi e talvez ainda seja muito frequente em algumas regiões do planeta onde os cultos primitivos persistem.
Devido a escassa parentela dessa senhora que morreu, não sei se no seu funeral que aconteceu hoje, alguém verteu alguma lágrima de saudade por ela, porém posso afirmar em linguagem metafórica que o pelo menos o céu chorou. Independente de ligar uma coisa a outra, o que tentei relatar hoje foi, tão somente os dois acontecimentos, primeiro o falecimento da senhora Judite... esta, alguém pouco amante da vida que levava, e o fato de ter chovido na madrugada desse domingo ameno de outubro, coisa que eu muito desejava que acontecesse, nada mais.
Não sei o posso ter despertado no pensamento do leitor com essas minhas duas citações... tudo isso ou seja os dois simples acontecimentos, ficam por minha conta, contudo o que “vocês leitores” vierem a pensar a respeito destes e de outros acontecimentos, é matéria para muitas outras crônicas.