A ORQUIDÓFILA

Naquele tempo, sempre que ia à padaria, Sonely encontrava-se com seu vizinho.

-A senhora, cedo assim, já está com cigarro na mão?! Que lástima! Não sabe que isso faz mal?

-Sei.

No outro dia.

-Será que não existe outra coisa melhor para a senhora fazer, do que fumar?

-Não.

-Na semana seguinte.

-Não é possível! De novo com essa imundície na boca?! A senhora vai pegar uma tuberculose, ou melhor, vai morrer de câncer no pulmão!

E assim foi por muito tempo.

Certa manhã, a fumante inveterada abriu a porta e seu vizinho também.

-Pelo amor de Deus, joga isso fora! A senhora cuida tão bem das orquídeas maravilhosas, mas esquece da sua saúde! É digna de dó!

-O senhor acha?

-Claro! Por que não troca o vício maldito pelas flores?

-Vou pensar.

-Não tem uma coisa, que gosta muito, para fazer a permuta?

-Tem muitas e uma delas é não dar ouvido às pessoas que querem que eu faça isso ou aquilo.

-Ué! Não vai mais à padaria?!

-Não. Perdi a vontade de comer pão.

Anna Célia
Enviado por Anna Célia em 27/10/2013
Reeditado em 27/10/2013
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