A ORQUIDÓFILA
Naquele tempo, sempre que ia à padaria, Sonely encontrava-se com seu vizinho.
-A senhora, cedo assim, já está com cigarro na mão?! Que lástima! Não sabe que isso faz mal?
-Sei.
No outro dia.
-Será que não existe outra coisa melhor para a senhora fazer, do que fumar?
-Não.
-Na semana seguinte.
-Não é possível! De novo com essa imundície na boca?! A senhora vai pegar uma tuberculose, ou melhor, vai morrer de câncer no pulmão!
E assim foi por muito tempo.
Certa manhã, a fumante inveterada abriu a porta e seu vizinho também.
-Pelo amor de Deus, joga isso fora! A senhora cuida tão bem das orquídeas maravilhosas, mas esquece da sua saúde! É digna de dó!
-O senhor acha?
-Claro! Por que não troca o vício maldito pelas flores?
-Vou pensar.
-Não tem uma coisa, que gosta muito, para fazer a permuta?
-Tem muitas e uma delas é não dar ouvido às pessoas que querem que eu faça isso ou aquilo.
-Ué! Não vai mais à padaria?!
-Não. Perdi a vontade de comer pão.