UM recorte de uma madrugada qualquer no subúrbio carioca (outra noite).
O último cigarro do maço junto com a última metade de tantas latinhas de cerveja, vou pra janela (mesmo com medo das cagadas dos morcegos da mangueira) e percebo a lua que tá linda hoje (tipo pela metade, desculpe eu não sei muito dela e de suas fases) e algumas estrelas estão lá resistindo.
Eu nunca fui muito de "ah um dia quero ir para o espaço e ver tudo de lá de cima" eu sempre fui meio espírito de porco, iria chegar lá e cuspiria (mesmo que simbolicamente por conta do traje espacial). Mas a lua está realmente linda e olhar pra ela quase me fez chorar, aquele tom leitoso lindo. Me lembrei dos tiros que ouvi mais cedo (hoje em dia tão normais nos subúrbios cariocas) e quase no fim do cigarro vejo o rabecão descer e penso num existencialismo quase que ingênuo: Que merda sabe, essa lua boiando no espaço não sei como, a gente aqui se equilibrando em uma bola no meio desse mesmo espaço fazendo movimentos de trans e rotação, ficamos aqui nos matando, por mesquinharia, somos merda.
Porque disso tudo, porque apenas não passo a mão no tele fone e ligo pra ela, não o faço por medo. Eu prefiro a brisa da janela ao invés da dor, da diversão de petelecar o cigarro janela a baixo, preferi a solidão..