O SINO E O CAMPANÁRIO

O SINO E O CAMPANÁRIO

Não existe nada mais bucólico do que se ouvir o repicar do sino de uma modesta igrejinha de do interior.

É um momento de paz, alegria. Uma quase veneração da vida e de tudo que nos enaltece.

Estávamos chegando naquele pequeno lugarejo. Os caminhos de terra batida e os pedregulhos ali existentes aumentavam o tempo percorrido para a chegada ao lugar desejado.

O sol já se encaminhava para o poente e no horizonte podia ser apreciada a aquarela, que a mãe natureza nos presenteava.

Quase no final do caminho, numa pequena curva, meio escondida entre palmeiras, ela estava lá, quase solitária, aguardando aqueles que piedosamente desejavam agradecer a Deus tudo o que a vida até aquele momento lhes havia proporcionado. Era a igrejinha do lugarejo, pintada de branco; modesta com seu pequeno sino, emoldurando a singela torre.

Num impulso de fé cristã fomos em sua direção e paramos para reflexão. Eram seis (seis) horas da tarde. O pequeno sino anunciava a hora do Ângelus.

Lá estavam poucos fiéis vindo das redondezas, modestamente vestidos, mas de seus rostos contritos, podia-se ver a riqueza que existia em suas almas.

Não lembramos por quanto tempo ficamos a recordar nossa feliz existência, agradecendo, igualmente, tudo o que ela nos havia oferecido.

E é neste momento, que as alegrias superam os infortúnios, fazendo que o caminho a seguir, alcance a vereda triunfante da fraternidade.

Alguns anos passaram.

O progresso da tecnologia fez com que a humanidade corresse a passos largos.

Certo dia sente a necessidade de rever aquele longínquo lugarejo, para fazermos novamente nossa profissão de fé, naquela igrejinha, na curva do caminho.

Quanta surpresa!

Não conseguimos localizar o pequeno lugarejo.

O que avistamos foi uma larga avenida, ornada com palmeiras.

As pequenas casinhas com janelas pintadas de azul e seus bancos de madeira tosca ao lado de suas portas foram substituídas por grandes casas modernas.

Procuramos pela igrejinha da curva do caminho.

Onde ela estaria?

Encontramo-la sim.

Mas o progresso e a dinâmica do município substituíram-na por uma grande capela.

Entardecia!

Do campanário da grande capela, ouvia-se o repicar dos sinos e foi nesse instante que tivemos uma saudosa lembrança do pequeno sino melodioso, da singela igrejinha, da qual podia ser visto um regato sereno e transparente, serpenteando pela relva verdejante daquela planície que felizmente ainda permanece intacto, sem a nefasta poluição que traz a morte para a saudável natureza.

Curitiba, ab.

Página da autora-Livro Quando florescem os Cafezais

Dinah Lunardelli Salomon

Hanid
Enviado por Hanid em 18/04/2007
Código do texto: T454373
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