Interseções
Tenho que sair com a preocupação dorida de procurar aonde ir. Vivo em uma cidade, onde não há passo em falso a se dar, se de um lado o pensamento é livre e argumentado, do outro, além dele, só o espírito pode andar livremente.
Os guetos são reflexos de máximas impostas por meu comportamento.
Oprimi os decadentes, não lhes dei chance de remissão em seus deslizes, com isso, fortaleci suas posições e reforcei a dogmagogia dos beatos de plantão.
Prisioneiro de mim mesmo me tornei, sem chaves ao alcance, arrasto minhas correntes: carcereiro da minha opção.
Pouco me sobra em espaço. Minha culpa, minha máxima culpa. As torres me cercaram e o peão a qualquer momento gritará minha derrocada.
A mídia vende farelo à máscara de ouro, o embusteiro governa com altruísmo capcioso, as campanhas têm o subtexto falaz, ardiloso.
Não posso me opor simplesmente, ou é tudo o que posso.
Não tenho intenção de misturar-me ao rude, mas também não vislumbro um horizonte menos nebuloso se não reagir a isso.
De certa forma meu maior pesadelo torna-se paliativo à medida que os “profetas do apocalipse” os enquadram e os fazem recuar pelo temor, cobram taxas pesadas pagas em suor, é verdade, mas os fazem recuar.
Alguns de nós precisamos de métodos doutrinários rudimentares para que não excedam a largos passos a ilusão. Compadeço-me, mas reafirmo a importância do método, é como se óleo de copaíba fosse entornado propositalmente sobre o pudim de suculenta calda para evitar seu consumo ao diabético.
Du Valle