Mercado da Felicidade

Eu sempre me interessei mais por textos em que a pessoa abre a alma e o coração sem medo de parecer fraca e ridícula. São poucos os que tem essa característica de escrita, mas conheço alguns bons nisso. No entanto o que mais percebo, é o que permeia as redes sociais, uma tendência a exaltar a felicidade. Vivemos numa sociedade de felizes. Já repararam que todos estão sempre muito engraçados, muitos apaixonados, se divertindo muito e envolvidos em grandes causas? Onde estão as pessoas insatisfeitas como eu? Onde estão as pessoas que estão batalhando por dias melhores? Às vezes, ou quase sempre, tudo me soa muito falso, muito estilo "vitrine".

Não, eu não estou dizendo que não ajo assim. Todos nós somos influenciados por essa onda feliz que assola a nossa sociedade. Precisamos o tempo todo estarmos bem para sermos aceitos (isso me causa uma tremenda agonia). Volta e meia me pego deixando de fazer um post triste por receio daquilo não ser entendido, ou não ser bem recebido, sei lá. Sim, somos tolos e meio carentes, todos nós que nos expomos, seja em blogs ou seja onde for. Buscamos a resposta do outro de alguma maneira, e nunca esperamos uma resposta ruim. Todos nós, ultimamente, vivemos com medo de nos mostrarmos carentes, desanimados, com vontade de desistir. Desistir é uma palavra que não cabe na nossa sociedade atual. Só existe tentar, tentar e tentar, mesmo que não se veja chance o importante é nunca desistir.

Claro que não estou fazendo apologia ao derrotismo!! Não acho que a gente deva alimentar pensamentos negativos, só acho que não devemos nos envergonhar deles e escondê-los a sete chaves, como se as outras pessoas todas tivessem vidas fantásticas e só a sua fosse uma droga. Sim, tem momentos de ser rir das próprias desgraças, momentos de enfrentá-las e tentar mudá-las e momentos de sentar e chorar simplesmente. Que mal há nisso? Sim, parece que há muito mal nisso, afinal não dá ibope, não rende nas redes sociais. E se tu fizer um texto triste vem logo a turma do deixa disso.

Como disse acima, sempre vou admirar um texto sincero, talvez não admire um texto derrotista, nem um otimista em excesso, mas quando percebo que ali tem uma pessoa dizendo o que pensa de verdade e não se colocando numa vitrine de felicidade, ou num muro de lamentações, certamente terá o meu maior respeito.

De 2012 para cá, percebi que fui me modificando muito, modificando meu jeito de lidar com as pessoas e essa modificação me trouxe perdas, umas importantes, outras nem tanto. Costumo dizer que quem me conheceu a partir de 2012 conheceu uma pessoa diferente do que sempre fui. Não gosto disso e estou procurando caminhos novos, soluções para que consiga retomar a pessoa que era e que gostava. É certo que nesse período cresci como ser humano, certos sofrimentos nos fazem ver outros lados e outras possibilidades. Mas mesmo assim, mesmo com ganhos, acho que minhas perdas foram maiores e costumo enfrentar tudo sempre muito de frente, sem ficar maquiando as coisas para mim mesma.

E para finalizar esse texto, dizem que quando os animais vão morrer eles se escondem. Não sei muito bem se isso procede, mas talvez eu traga isso dos animais, não que eu vá morrer hoje, amanhã... só Deus sabe o dia a hora, mas se não me sinto bem me recolho num canto. Não sei se essa é a melhor saída, mas certamente é a que me traz resultados. Fico mais para a lagarta que entra no casulo com a finalidade da metamorfose, mesmo que nem todas as lagartas virem borboletas...

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 25/10/2013
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