DEBAIXO DESTE PIRÃO TEM CARNE
Vejo neste momento que a pretendida revisão de divisas não tem em vista oferecer terras aos índios pankararés, que já se encontram reassentados. A pretensão parece-me, é outra: ampliar a área de Gloria e Macururé em detrimento de Rodelas. Esta lembrança me recorda as palavras de Pedro Calmon em a A CASA DA TORRE, referindo-se ao padre Pereira, grande matador de índios: “A fronteira dos seus domínios estava na pata do seu cavalo”.
Leia-se o texto a seguir, editado na Wikipédia:
“Wikinativa/Pancararé
“Wikinativa/Pancararé
Da Wikiversidade
Responsável: Caio Vinicius Marques Teixeira
Os Pancararés (ou Pankararés), são um grupo indígena que habita o Norte da Estação Ecológica do Raso da Catarina, nos limites dos municípios brasileiros de Nova Glória e Glória, ambos no estado da Bahia, mais precisamente nas Áreas Indígenas Brejo do Burgo e Pankararé.
E mais: o reassentamento se deu com a inundação de Glória. Brejo do Burgo pertenmcia a Glória desde quando o município foi criado e assim continuou com o dessmenbramento de Paulo Afonso. Eu nem me lembrei disto quando produzi o artigo DIVISA TERRITORIAL GLORIA RODELAS. A Estação Ecológica do Raso da Catarina aonde se reassentaram os pancararés, situa-se no município de Gloria bem próximo do Brejo do Burgo. Salvo esquecimento, já aí vivia o grupo indígena, bem pequeno ao que entendi da palavra de uma pessoa que trabalha no projeto de re-divisão territorial: “não da para encher uma combi”. É de pensar-se, desculpo-me, não conheço a região, que as duas fazendas abastecidas de água por Glória e Macururé não passarão de dois sítios com uma ou duas dezenas de cabras. Que sejam mais e também contenham muitas vacas. Porque os fazendeiros ou sitiantes não procuraram o prefeito de Rodelas para um pleito, ao menos para uma informação? Conto história vivida. Fui o segundo prefeito de Rodelas. Quatro anos, dos quais três de seca. Desconhecia a existência das propriedades e os proprietários não me procuraram. Era amigo dos prefeitos de Glória e Macururé, que nunca me falaram do assunto.
Conheço aquilo em parte. Nasci e sonhei em uma fazenda à beira do Raso, no município de Rodelas. Tangi vacas para o curral montando um pônei. É areia. Diz-se que profunda. É de admitir-se que lá no fundo exista água. E muita!
A pretensão será outra. Sabe-se que há uma empresa trabalhando energia eólica na região e esta além de pagar o aluguel ao proprietário do solo paga royaltie ao município. Fala-se que existe ouro na Serra da Tigela, divisa de Macururé/Rodelas. E ouro também rende royaltie. Em termos de especulação outra possibilidade para a apropriação. Aí se repita - “debaixo deste pirão tem carne”.
É de pensar-se que a área seja devoluta. Algum sabido pode requerer usucapião e a justiça concede. Qualquer um. Se isso já não foi feito. E o município nem precisará ser ouvido. A terra devoluta é de domínio da União. Glória ou Macururé, quem seja aquinhoado na re-divisão passarão Rodelas para traz. É interessante: fazem uma meia lua nas divisas para arrancar 50% da área de Rodelas. É muita coisa! Poder supremo!
Não se esqueça de que há alguns anos a região do Alto São Francisco levantou a idéia de desmembrar-se da Bahia para constituir-se um novo estado. Projeto puxa projeto. O pessoal da região poderá retomar a luta pela emancipação. Seria um rombo na Bahia. Mas, parece-me uma solução simpática, ótima para a região. Assim como Rodelas está longe dos sítios atendidos por Macururé e Gloria, Salvador está muito longe do Alto São Francisco Baiano. Não é verdade? E se um poderoso da região à esquerda do São Francisco acima de Petrolina voltar a lembrar-se do projeto da era colonial, de a área integrar-se a Pernambuco? Outro rombo! De certo alguém vai dizer que fiquei maluco ou estou gracejando. Não serei eu somente! Ha outros com a mesma opinião. Não tem aquela de dizer-se que o mundo dá muitas voltas? “O risco que corre o pau corre o machado”. Não é só Rodelas que está em risco. A Bahia também está. E a sabedoria política aconselha a não mexer em divisas. De todo o modo assunto está em pauta e poderemos retornar a ele.
João Justiniano da Fonseca