NADA A RECLAMAR

O alvorecer traz com ele mais um dia para que eu possa viver.
No quintal, o bem-te-vi, mostra seu canto curto e afinado. Os sabiás-larajeira ficam horas a cantar o ritual da conquista para o desejado acasalamento.
A jabuticabeira exibe vaidosa seus frutos doces, a goiabeira se veste de flores, e mais parece uma noiva toda de branco.

Nessa hora, admirando toda obra esplêndida do Criador, eu fico a pensar, o que tenho para reclamar, resmungar ou lamentar ?
E a resposta é: Nada !
Se tive, tenho, e terei problemas, isso é um fato.
Mas, hoje, sei que eles são grandes professores, a me convocar para provas de melhor competência diante do viver.
Houve perdas precoces e muito dolorosas, em minha caminhada, e muitas outras foram acontecendo ao longo do trajeto. Mas, do que lamuriar, se viver e morrer são fatos da vida? Com elas (as perdas) aprendi dentre tantas coisas o valor de cada minuto, junto daqueles a quem muito estimo.
Os desafios, sempre fizeram parte de minha existência, por vezes em forma de trilhas perigosas, abismos obscuros, ou trechos pedregosos. Mas, o que foram eles, em meu viver, senão grandes aliados para que eu tivesse a oportunidade de fomentar qualidades que me faltavam, e alijar pretensões, que em mim, moravam ?

A felicidade pura e simples, que fui devagar, muito devagar, aprendendo a conquistar em minha essência, (em forma de paz na consciência), independente de estar sol ou chuva, lá fora, hoje ocupa um espaço confortável e especial em minha alma.
Bebo cada gota do mel doce da serenidade que aprendi pouco a pouco a cultivar. 

E nesse momento, estou a degustar um gole de cada vez, em taça mui especial, um acontecimento repleto de amor, que está em processo de nidação no útero amoroso.
Em breve, quando a nova vida estiver pronta, poderei embalá-la com antigas cantigas de ninar, e uma ternura infinita. No aconchego dos meus braços estreitar bem juntinho ao meu coração, e nessa hora sei, que vou sentir uma imensa felicidade.


(Imagem: Lenapena)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 25/10/2013
Reeditado em 25/10/2013
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