Palhaço

Ninguém nunca viu, no rosto alegre de um palhaço, talvez haja um olhar triste, talvez falte comida, talvez ainda falte um pouco mais de vida, quem sabe a maquiagem tampe? Quem sabe o sorriso amarelo esconda o que ninguém quer ver, o que ninguém quer perguntar, o que ninguém quer saber.

Ninguém viu as pernas bambas do homem da cara pintada que subiu no palco. Ninguém viu a insegurança do herói, ninguém viu, a pressão caiu, mas ele está lá, tentando apenas arrancar um sorriso, de alguém que não sabe mais sorrir, talvez ele seja esse alguém.

Ninguém viu o rosto pálido do homem com uma capa, chamado de super-herói conhecido por salvar o mundo, será que ele salva a si mesmo, do medo, da tristeza, do nada? Ninguém viu, mas ele em algum momento perdeu seus poderes, em algum momento ele virou humano, em algum momento ele se transformou em “nós”.

Talvez a magia nunca se acabe, talvez fazer alguém sorrir, é sorrir muito mais, talvez a fantasia de super-herói é apenas para mostrar que ele se preocupa, que ele tenta, quem sabe ele sempre foi humano como todos nós, sem poderes, caminhando de um lado pro outro procurando a salvação.

Ninguém nunca se preocupa e talvez no seu mundinho murado as pessoas sejam apenas pessoas que passam. Ninguém nunca vê o sorriso triste de quem só sorri, também não vê a alegria de quem apenas escreve. Como ninguém enxerga as palavras? vai dizer que são apenas palavras, mas elas se vão, talvez não em vão, elas passam e ferem se forem mal proferidas e alegram se forem bem ditas.

Talvez a felicidade se encontre em colocar uma pintura de um sorriso na cara em um dia triste, talvez a felicidade exista em salvar o mundo do tédio, em ver uma criança sorrir, em apenas sorrir, talvez você aprenda a sorrir sorrindo. Se isso tudo é feito pra acabar, porque não apenas tentar ser mais, um pouco mais feliz.

Paulo Victor Ribeiro
Enviado por Paulo Victor Ribeiro em 24/10/2013
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