O QUE É SUA ALMA?

“Seria maravilhoso ver a própria alma. Conhece-te a ti mesmo é excelente preceito, mas só a Deus é dado pô-lo em prática. Quem mais pode conhecer a própria essência?” Voltaire.

Viver com vontade de mais apuro, querendo saber o que somos traz essas implicações que instigavam gênios e também a nós, pessoas comuns.

E Voltaire era paradoxal em crença. Indefinido, assim morreu, dizendo acreditar em Deus, na liberdade e nas amizades.

“Alma chamamos ao que anima. É tudo o que dela sabemos: a inteligência humana tem limites. Três quartos do gênero humano não vão além, nem se preocupam com o ser pensante. O outro quarto indaga. Ninguém obteve nem obterá resposta.”

Quem refuta essa verdade é tolo. E a tolice, parte sim, desses três quartos, basta olhar como caminha o mundo em todos os sentidos.

Esse um quarto que pensa razoavelmente, e continua assim desde os idos em que viveu Voltaire, sabe ao menos que os tais três quartos “não se preocupam com o ser pensante”. Pergunta-se, quais seriam seus pensamentos? Responde-se, os piores possíveis com centro nos conhecidos, “ismos”, personalismos de todas as inclinações.

E “Aceita-se seja a alma um ser imaterial. Mas vós não concebeis o que seja esse ente imaterial”, como meditou Voltaire e por óbvio o mais desaparelhado dos homens percebe.

Os ditos sábios, se é que os há, dizem saber que a alma pensa e dizem sabê-lo. Porém, como sabem se sabe-se que nada sabemos nesse campo.

E o diz Voltaire: “ Porque ela pensa.Não podes concebê-la senão pela fé. Tu Nasces. Vives. Ages. Pensas. Velas. Dormes. Sem saber como. Deus conferiu-te a faculdade de pensar como tudo o mais. E se não viesse ensinar-te nas idades assinaladas pela sua providência que tens uma alma imaterial e imortal, dela não terias prova alguma."

Ao mesmo tempo contraditava a idolatria: ““Escreveram-se volumes imensos, debitaram-se sentimentos diversos sobre a origem desse culto rendido a Deus ou a vários deuses sob figuras sensíveis: esta multitude de livros e de opiniões não atesta senão ignorância. Não se sabe quem inventou as vestes e os calçados e quer-se saber quem primeiro inventou os ídolos?”

Deus é o ídolo máximo de todas as entidades, acresço, e não há como negar.

A leitura das ironias de Voltaire faz mergulhos maiores nessa difícil ponte da transcendência ainda que paradoxal suas arremetidas, mas soma a meditação melhor sobre nossos pensamentos e como nos convívios passamos ideias, tudo isso, contudo, não inibe uma graça que implica em sorrir de forma discreta e inevitável.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 24/10/2013
Reeditado em 11/11/2013
Código do texto: T4539927
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