MANAUS COMPLETA 344 ANOS!
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(NÃO TERÁ MUITOS MOTIVOS PARA SORRIR!)
Manaus completou 344 anos no dia 24 de outubro, mas não teve motivos para sorrir! Mas terá motivos para comemorar! Viva Manaus! Muitas outras obras importantes e necessárias à cidade serão inauguradas; outras, continuarão e serão inauguradas depois.
Mas por detrás da antiga cidade sorriso, se escondem dentes podres na boca em forma cáries invisíveis de camelôs nas ruas, calçadas elevadas e mal conservadas ou ocupadas por vendedores ambulantes, bares, lanchonetes e um trânsito muito caótico e convivendo com os pedestres e até estacionamento de condomínio ocupando espaços públicos, demarcados por faixas pintadas na Rua professor Samuel Benchimol, no Passeio do Mindu, retirando espaços para caminhantes ao ar livre que usam o local para manter a forma física!
De todo o pacote de obras, o Mercado Municipal “Adolpho Lisboa” finalmente será entregue à cidade, totalmente restaurado. Mas o Mercado, embora restaurado, será outro gargalo de problemas o trânsito para a Manaus, devido à falta de estacionamentos para idosos, deficientes e cadeirantes em todo o seu entorno, como determinam às Resoluções 303/304 do CONTRAN. Sem estacionamentos demarcados, será o início de um novo caos na área do Mercado! Nas comemorações do aniversário, além de apresentações artístico-culturais, plantio de mudas, palestras e outras atividades voltadas às questões ambientais, a cidade antes sorriso, receberá de presente a restauração do mercado.
Depois de sete anos fechado, nas administrações dos prefeitos Serafim Correa, que deu início, e Amazonino Mendes, que pouco fez, o prefeito Arthur Netto assumiu e cumpriu um compromisso com Manaus de concluir o serviço, restaurá-lo e inaugurá-lo no dia do aniversário da cidade para devolvê-lo como um presente à população. E cumpriu, apesar da difícil promessal, com alguns entraves, ela foi cumprida. O Mercado Municipal “Adolpho Lisboa” ficou lindo e Arthur Neto está de parabéns!
De acordo com a história, no século XIX, tiveram início as preocupações a respeito das condições higiênicas na comercialização de alimentos em várias cidades e começaram a ser construídos mercados públicos. O Mercado Municipal de Manaus, às margens do Rio Negro, teve sua construção iniciada em 1880, pela firma “Bakus & Brisbin” de Belém, com pavilhões em estrutura de ferro vindos de Liverpool da firma “Francisc Norton Enginerrs”. Sua inauguração se deu em 1883, com o edifício principal, com 45 metros de comprimento e 42 de largura, com toda a sua estrutura sustentada por 28 colunas e duas salas laterais em alvenaria de pedra e tijolo e calçamento de cantaria, de forma retangular e sua área central com calçada de paralelepípedo, com 20 boxes separados entre si, com balcões de madeira e tampo em mármore. Ao final, aos fundos um enorme sino que tocava todos os dias, às 11 hs da manhã, anunciando que o preço de todos os produtos expostos à comercialização deveriam ser reduzidos e os funcionários municipais entravam no mercado e jogavam creolina sobre os produtos expostos. E todos respeitavam! Mas também assustava muitas pessoas em seu interior e eu, menino vendedor de sacos para guardar peixes, não entendia nada do que estava ocorrendo.
Depois, tomei conhecimento através de entrevista que realizei com o psicólogo João Bosco Araújo, que seu pai, o desembargador André Vidal de Araújo, ficava aguardando o toque do sino para entrar com dois ajudantes e recolher doações para as várias obras sociais que desenvolvia. Com paletó e gravata, se dirigia ao mercado diariamente para receber doações. O sino ainda existe e voltará a tocar de novo, não mais para os funcionários da Prefeitura despejar creolina sobre os produtos. O Mercado está lindo! (in O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS).
O desembargador e fundador da terceira mais antiga escola de serviço social do Brasil também possuía diversas outras obras sociais pela cidade e seguia de carroça até o mercado na companhia de dois ajudantes da Escola de Serviço Social de Manaus e só começava a coleta depois que o sino tocasse, porque era quando os comerciantes reduziam os preços em até 50% e os comerciantes começavam a fazer doações aos que pediam. Muitos recebiam!
Em 1890, foram construídos os dois galpões laterais com beirais abertos, encimados por arcos de ferro, sustentados por colunas também em ferro, passando o Mercado Municipal de Manaus a ter 360 metros de área útil. Existia um espaço exclusivo para a venda de tartarugas e tudo em seu interior era iluminado com o uso de querosene. Esse pavilhão teve a estrutura de ferro construída pela companhia “Walter Macfrlene”, de Glasgow, com formato totalmente fechado e possuindo cobertura em quatro águas, feita de chapas onduladas. O galpão possuía venezianas em todo o seu contorno, tendo oito entradas de acesso – uma em cada fachada principal e três em cada lateral. Tudo foi restaurado e devolveu à Manaus um presente que nunca será esquecido!
O Mercado Adolpho Lisboa ficou lindo, mas deveria ser transformado em Museu para cultuar a história e a memória de quem viveu por muitos anos tendo como fonte de renda o que ganhava vendendo frutas, verduras, peixes e carnes ou outros produtos no chamado “Mercadão de Manaus”, ou deixá-lo centro e transferir os barcos regionais para outro porto, facilitando o embarque e desembarque de mercadorias e melhorando o fluxo de trânsito para que turistas possam também apreciar a maravilha que ficou a restauração. Parabéns, Manaus!