Coisa de gentinha.
A torcida do Mengão é a que mais sofre com o preconceito das demais torcidas do Rio de Janeiro. Isso ninguém discute. Os tricolores têm a fama de bem comportados, mauricinhos. A torcida do Botafogo tem a fama de animada e criativa, e de pouco violenta. Os vascaínos têm a fama de... vice campeões!!! Mas quando se fala de flamenguista, é sempre a mesma coisa: violentos, baderneiros, favelados, vândalos e similares.
Outro dia desses, no trabalho, uma colega comentou que se torcesse por algum time faria parte de uma torcida "selecionada". Subentende-se que não seria flamenguista! Alguém duvida?
No Brasil diversas entidades, sejam elas culturais ou sociais, foram vítimas de preconceito semelhante. O preconceito do “eu não me misturo com gentinha".
O samba no início era música de "gentinha". Sambistas foram perseguidos pelas autoridades por causa da suposta desordem que promoviam. Hoje o Samba é considerado peculiaridade admirável do brasileiro. Já diz a música: "quem não gosta de Samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé".
A capoeira era coisa de escravo. Coisa de preto. De "gentinha". Hoje a Capoeira é dança. Expressão cultural. Das principais no Brasil. Tem brasileiro, branco inclusive, ensinando a gringo dançar Capoeira no exterior.
No Brasil colônia, e antes, as praias eram frequentadas somente por índios e negros. Somente por "gentinha". Os portugueses não gostavam de banho. De água salgada, então... Hoje as praias brasileiras são mundialmente conhecidas. É sonho de consumo da maioria dos brasileiros ter uma casa na praia. A "Princesinha do Mar" é aqui.
Enquanto mantivermos esta mania de gentinha continuaremos perdendo a oportunidade de usufruir ao extremo do privilégio que é ser Brasileiro. Deixa de mania de gentinha!