ANALFABETISMO

Caminhava pela av. Jabaquara nas proximidades da rua Gravi (Praça da Árvore) quando dois rapazes na faixa dos vinte anos me perguntam:

Moço, onde fica a av. Saúde?

- Bem, eu conheço av. Bosque da Saúde, começa aqui perto no fim desta rua e também tem a av. Nossa Senhora da Saúde, esta é mais longe fica no fim da av. Bosque. Em qual número vocês querem ir?

- Disseram para a gente tomar o metrô e descer na Praça da Árvore, então não é aqui?

- Como disseram é, mas avenidas que tem o nome de Saúde são somente essas duas que conheço, disse eu. Então eles me mostraram um documento de encaminhamento a um consultório médico para fazer um exame funcional. Mas o endereço era: Av. Jabaquara, xxxx - Saúde.

Olhei para o outro lado da avenida e disse: - Aonde vocês tem que ir é nesta avenida mesmo, é só atravessar a rua, deve ser uma daquelas duas portas ali. Saúde é o bairro. A avenida é esta mesmo.

Percebi que os rapazes eram analfabetos e me pus a pensar com os meus botões, como falam os portugueses. “Como deve ser difícil não saber ler e viver numa cidade grande cheia de placas de ruas, cartazes de lojas, anúncios de produtos. Imaginei-me se eu estivesse num país cuja escrita é toda cheia de rabiscos como China e Japão (apenas exemplos) ou cheio de cobrinhas como árabe e não entendo nada do som. Como iria me comunicar? Fazendo gestos, caretas, etc.?

Achei que os rapazes tiveram sorte em me achar. Pois sei de casos de pessoas que gostam de tirar sarro e ensinam errado, propositadamente, pelo simples prazer de ver o sofrimento alheio. São sádicos e existem muitos.

Voltando ao caso dos rapazes, por que são analfabetos? Talvez por que não tiveram oportunidade de estudar, pelo menos o básico, por não existir uma escola onde moravam. Fato comum ainda existente hoje em grande número em muitos locais do Brasil, infelizmente. E ainda por cima a má qualidade de ensino nas escolas públicas. Saudade dos meus tempos quando se começava a aprender latim, francês e inglês já no primeiro ano ginasial (hoje 5ª série).

Será que o Pre-sal vai ajudar a corrigir essa deficiência?

SANTO BRONZATO em 23/10/2.013.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 23/10/2013
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