Telefone sem fio... de novo?
Seis da manhã. Hora de acordar! Naquela rua ninguém mais precisa de despertador! Pontualidade britânica no Brasil!? Como!? Com certeza, isto é história para gringo ouvir...
Pois não é história, não! Às seis da manhã em ponto a vizinhança da casinha azul ouve um gorgolejar afinado lá pela área do telhado.
Gorgolejar, no telhado? Coisa de louco, não é mesmo? Mas, não sou louco, não, leitor!
Uma emissora de televisão veio fazer uma reportagem, a partir deste dia todos os passantes tombam um olhar esperançoso pelo telhado da casinha azul.
“Como o senhor conseguiu a proeza de fazê-lo subir no telhado?”
“Eu sempre lhe dei carinho, afinal, ele está comigo há tempos... eu o encontrei abandonado no mato, eu o aqueci por dias, até o seu nascimento.”
“Os telespectadores querem saber se o senhor pretende vendê-lo um dia?”
“Por nenhum dinheiro do mundo! Nada paga a alegria que ele proporciona nesta minha vida solitária!”
Rodam as estações do ano... rodam as pessoas no dia a dia agitado... nascem crianças... morrem os mais velhos... O gorgolejar não acontece, mais! Como!? O tradicional despertar ... desaparece nas manhãs... tristeza geral!
Vizinhos querem saber; o que de fato aconteceu... Na mercearia o papo rola solto.
“Vocês viram a falta que faz o nosso despertador? Dizem que, ele esta internado com tuberculose?”
“O que? Por isso, que não o ouvimos mais?”
“Pensei que tuberculose só pegasse em humanos?!”
Clotilde ouve tudo sem ouvir nada! Problema auditivo.
“Como? O peru está com tuberculose no hospital?!”
“Não! Que confusão vocês fizeram!” _ interage rindo a dona da mercearia _ Quem está no hospital com tuberculose é o dono do peru, o seu Umberto!”