QUASE MÉDICA

-Querida, a farmácia é ali na esquina. Não vá se perder, hein!

-Pode voltar tranquilo para nossa casa, meu bem. Vou num pé e volto no outro. Daqui a pouquinho, estarei no apê da Maria.

-Isso, mesmo! Nossa filha fica preocupada e eu também. Tchau.

-Moço, vim tomar esta injeção para a minha perna, que está doendo.

-Sinto muito, senhora, mas aqui não temos este serviço.

-Meu Deus! Onde vou tomar isto?!

-Daqui a cinco quarteirões tem outra farmácia.

-Cin-co? E a minha perna? Moço, você tem cara que sabe aplicar.

-E sei, mesmo. Apliquei quarenta anos e, agora, sou balconista.

Mas, como é a cara do aplicador?

-Ah, é tipo serena, alegre e simpática.

Na outra farmácia.

-Aqui tem alguém que aplica injeção?

-Tem, senhora.

-Que maravilha! Quero tomar esta.

Entrou uma freguesa.

-Vê para mim um remédio bom para a dor no pescoço do meu marido.

-Só vendemos este medicamento com receita.

-Mocinha, conheço um remédio que é batata. O nome é xxxxxxxxxxxx.

-A senhora está certa. Ele é ótimo e vendemos sem receita.

Chegou outro freguês.

-Bicho, me arranja um negócio para lavar machucado. Minha mulher se cortou com a faca.

-Mocinho, depois de higienizar o local, ponha esparadrapo, juntando o corte.

-Mais uma vez a senhora acertou. É o famoso ponto falso.

-Gente, de médico e louco, todo mundo tem um pouco.

-Minha mãe sempre fala isto, dona.

-Sabia, mocinha, que sou quase médica?

-A senhora?! Sério?!

-Seríssimo. Minha letra é ilegível.

Quarenta minutos depois.

-Mamãe, pelo amor de Deus, onde a senhora estava?! Acabei de ligar para o papai e disse que a senhora sumiu!

-Nossa, que exagero! Por favor, filha, liga de novo. Fala com ele que eu estava “exercendo” a nobre missão de curar.