A Ilha
Os aventureiros, um ladrão de nome Yannick e um soldado de nome Jagern acordaram em uma praia, ainda um tanto zonzos. A única coisa de que se lembravam, era de terem se agarrado a um pedaço de madeira que boiava, após o navio em que estavam afundar. Ainda podiam ouvir os gritos desesperados dos tripulantes e das outras pessoas no navio por ajuda. Já na margem, a fria brisa marítima batia em seus corpos, junto com a maresia, e os faziam sentir arrepios. Era noite. Não havia fogueiras, ou qualquer sinal de uma alma viva. Apenas barcos em destroços na margem. Eles eram os únicos. Únicos vivos. Corpos mortos se amontoavam na margem. Após a praia, começava uma densa floresta. Vez ou outra podia-se ouvir um uivo de lobo, que logo se seguia de outro, e de outro. Após adentrarem a floresta, caminharam, e caminharam por horas à fio. Em vários momentos, olhos os seguiam. Olhos brilhantes, que davam arrepios nos ossos. Em algum momento, foi ouvido um pio de uma coruja. Isso só poderia ser um mal sinal. Os heróis não portavam nada além de suas roupas, o que os fez serem mais cautelosos. Após algumas horas, horas de sufoco, sede, e fome, eles avistaram uma pequena fogueira, ao longe. Quando se aproximaram, notaram uma pequena cabana. Ao se aproximarem um pouco mais, viram que não havia ninguém, a não ser um cadáver, sem cabeça. Yannick, como era curioso, se aproximou e examinou o cadáver. No buraco que havia em seu pescoço, dava para enxergar até o seu fundo, onde deveriam estar os órgãos, e sangue... não havia nenhum sangue. Essa visão lhe causou náuseas. Afinal ele era apenas um bom ladrão, mas nenhum assassino. Jamais havia visto algo tão hediondo assim. No cadáver havia somente as moscas. Ao adentrarem a cabana, notaram uma pequena escrivaninha, e um baú. Na escrivaninha, havia um pedaço de papel e um mapa. O papel estava manchado de sangue, e somente algumas palavras eram distinguidas: “resgate... tripulantes... Cai..” nada a mais do que isso era passível de distinção. No mapa, estava marcado a localização de um pequeno vilarejo. Logo, como era noite, decidiram descansar na cabana. Os aventureiros retiraram de lá o cadáver, apesar do medo e do enjoo que o cheiro lhes causou. No meio da madrugada, ouviram barulhos de carne sendo rasgada. Talvez fossem os lobos, mas decidiram não olhar. Era melhor assim.
Assim que os primeiros raios de sol adentraram a cabana, os aventureiros acordaram. O sono não foi bom. Estavam com fome e sede. Logo se levantaram, e decidiram encontrar água e comida. Frutas foram fáceis de se encontrar, mas a única água que acharam, era barrosa. No caminho de volta para a cabana, escutaram um barulho. O farfalhar das folhas, e logo após, veio um urso de entre as folhas. Jagern foi pego de surpresa e ferido no peito, e caiu, quando Yannick tentou ajudá-lo, o urso o acertou no abdomen. Quando ia perdendo a consciência, ouviu barulhos de flechas sendo lançadas, e desmaiou.
Quando os dois acordaram, estavam em uma sala repleta de camas. Acima da porta, havia o símbolo de um sol. Logo um senhor de idade, de expressão severa e longa barba, adentrou o recinto, e disse – Ah, vocês acordaram. Eu sou Iorgo, sacerdote do Senhor da Manhã, e bispo desta catedral.
Um dos aventureiros, ainda meio zonzo, perguntou – Onde estamos?
- Vocês estaão no vilarejo de Corvo branco. Vocês foram atacados por um urso, mas alguns caçadores daqui os encontraram, e os salvaram – disse o sacerdote – agora descansem, vocês precisam se recuperar dessas feridas.
E o sacerdote saiu. Apesar do bom tratamento, sentiram algo estranho vindo dele... Muito estranho.
Yannick, como um bom ladrão, era muito curioso, e procurou pelo templo, tentando não ser notado. Já Jagern ficou na sala, pois seu ferimento era mais grave, bem no peito. Uma das coisas que Yannick notou, é que estava bem de noite. Isso o fez se perguntar o porquê do sacerdote estar vigiando-os nesse horário. Então, seguiu pelo templo, apesar da dor que sentia por conta do ferimento. Mesmo com a dor que parecia aumentar a cada movimento, tentou ser silencioso tanto quanto possível. Yannick passou por alguns corredores, e pelo centro do templo. Quando chegou em uma sala, que estava fechada, mas deu seu jeito para abrir. Nela havia somente um guarda roupas, uma mesa e algumas cadeiras. Mas ele não desistira fácil. Enquanto procurava, encontrou uma alavanca, e a acionou. Logo uma pequena passagem na parede se abriu. Ela não levava muito longe, era somente um corredor, que levava à uma caverna fechada, a qual tinha um pequeno fogo aceso em uma lanterna. Ao chegar no fim, havia um altar. Em cima do altar, havia várias cabeças, e uma placa em baixo que dizia “ Caim, a encarnação de todo o mal”
Isso fez Yannick se lembrar das histórias que sua avó lhe contava quando criança.
Logo nosso aventureiro percebeu – Vampiros .
Ele precisava sair dali e avisar o amigo, e dizer o que descobriu. O vilarejo fazia parte de um culto. E pensou o que faria com essa informação.
Yannick saiu do corredor, acionou a alavanca, e voltou para seu quarto. Agora sentira uma dor na feriada em sem abdomen, bem mais forte que antes. E junto com a dor, veio o medo. Jagern virou-se para ele e perguntou – Onde você estava? Quando ia responder, o sacerdote entrou.
- Vocês precisam de algo? Espero que estejam bem - E nesse momento, Yannick sentiu um calafrio subir-lhe pela espinha.