Te vi passando
O vi passando, sozinho.
Parecia um menino excluído dos colegas.
Um andar rápido meio desengonçado, uma cerveja na mão esquerda, camisa preta e calça jeans. Atravessava a rua apressado, pra chegar a solidão do seu quarto.
Chegava, provavelmente, de encontro com os amigos, onde sua espontaneidade é a mascara da sua solidão. Risonho brincalhão e feliz. Encara tudo bem, o que lhe faz muito bem.
E não que não estivesse bem, mas e que essa solidão que sente, não lhe faz bem e não conta a ninguém. Só eu que sei. Somos muito amigos.
Amigos de esperanças e desesperos. Nunca saímos juntos, mas, podemos estranhamente, sempre contar um com o outro.
Ele atravessava a rua e eu estava no ponto de ônibus, na minha solidão também.
Estava como ele, indo encontrar com meus amigos, mas eu também não estava sorridente.
Guardava esse mesmo ar contente para quando chegasse lá. Para poder esconder o medo de ficar sozinha novamente.