Ao monstro que vive dentro de mim e de você.

Essa história de que o mal vem do berço é grande bobagem. Todos nós temos todos os ingredientes do "bem" e do "mal" calmamente submersos nas dobrinhas da nossa alma. Basta um empurrão, um motivo ou algum estopim para tudo vir à tona feito besta-fera alucinada. Aqueles caras que literalmente gozavam torturando sem pena nos tempos não tão distantes deste nosso querido Brasil eram gente e carne e osso, que punham seus filhos pequenos para dormir e que podiam até comungar nas missas de domingo. As pessoas ficam iradas quando "tentam" humanizar Hitler e seus capangas, como se isso fosse verdadeiro absurdo. Aquele doido de bigodinho e que adorava berrar nos seus discursos diante de multidões era tão humano quanto eu ou quanto você. A patologia que fez com que se tornasse apenas uma chama de ódio sem trégua e decretasse a morte de milhões de pessoas cuja única "infração" foi terem feito parte de um povo,

não difere muito, na essência, daquela que faz um cara entrar num cinema e mandar bala em todos que lá estiverem. Difere na proporção que a coisa tomou e no rastro deixando de sangue que nunca mais sairá do chão da humanidade, como uma trilha que deverá nos envergonhar para todo o sempre por termos "permitido" que pudesse matar tanta gente. Digo "permitido" me referindo como o mundo não se uniu todo para esmagar aquele assassino que fez o que queria, do jeito que queria, com quem queria. Sabe aquela esposa, santa esposa, santa mãe, santa companheira de tantos anos que pega o marido na cama com outra e "incorpora" uma fera sedenta de sangue (do marido, claro) e que só sossegará quando deixá-lo na mais infinita miséria, padecendo num fétido quarto de hospital de quinta categoria, sem um copo de água, sem um centavo, na mais gritante solidão? Essa mulher vingativa na mais extrema artéria esteve sempre de prontidão na retaguarda daquela esposa de ouro. Precisou apenas da catarse do flagrante para despedaçar toda carcaça original e virar um monstro como nunca se imaginou antes. Isso pode acontecer nos próximos cinco minutos comigo ou com você.

Ótima semana!

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/10/2013
Reeditado em 23/10/2013
Código do texto: T4534386
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