PARANOIA NA VIAGEM II
Chegou o grande dia da aula inaugural de mestrado. Três dias em Salvador. Aula manhã, tarde e noite. Desconfiei que não sobreviveria, pois dessa vez eu iria sozinha. Deixar minha pequena por quatro noites não ia ser fácil. Mas, fazer o quê? Eu escolhi entrar nessa aventura.
E a labuta foi grande. Conversas, falatórios sobre a impossibilidade de bolsa, de tempo para estudar. Mas, dessa vez eu resolvi colocar minha mente criativa no cabresto. É hora de parar de fantasiar, se for que seja para o bem. Tempo, proventos e sabedoria são tudo que preciso nesta empreitada, portanto, imaginei eu na postura da estátua de liberdade e gritei no silêncio mental que me pertence: “Eu vencerei.” Só não consegui vencer mesmo foi a esperteza dos taxistas. Aliás, se existir algum soteropolitano no recanto, por favor, socorro. Preciso de uma listinha de ônibus e pontos para eu chegar a meu destino: UFBA, faculdade de educação no vale do canela. Não se demorem, por favor! A grana tá curta e a essa altura táxi é um luxo que não posso usufruir.
Tudo certo, tudo na paz. Professores maravilhosos, disciplinas encantadoras e um caminhão de livros, textos, observação, pesquisa, dissertação, artigo...para uma insônia constante. Eu preciso mesmo dela, que me será verdadeiramente útil para dar conta do pacote citado neste parágrafo.
A viagem foi tranquila, sem protestos. Apenas uma pontinha de enjoo que o remedinho curou. No entanto, nada de cochilo.
Sobrevivi a primeira viagem para a aula de mestrado, portanto nada de pânico, mesmo porque vem outras mil por aí. Aproveito para me despedir dos colegas recantistas por um tempo, até eu me acostumar com a vida proletária de mestranda.
Luzineide Ribeiro, 20 de outubro de 2013