ALCOOLISMO: UM AMOR FATAL

Já escrevi muito sobre alcoolismo, baseada na minha nefasta experiência com o vício e sua possível recuperação. Há muita coisa ainda a ser escrita e eu pretendo continuar a discorrer sobre o assunto, com a finalidade de atingir mais e mais pessoas que sofrem e fazem sofrer por estarem atreladas a ele. Este é um tema que não se esgota nunca. Os efeitos devastadores do álcool podem ser vistos e confirmados diariamente, seja ao nosso lado, na família, no trabalho, nas manchetes que a mídia divulga.

Por ser uma droga lícita, o álcool é aceito e experimentado, muitas vezes, na adolescência. Parece que ninguém mais consegue festejar coisa alguma se não for regado a álcool. Por ser uma substância que causa prazer, descontração, desinibe e alegra, ele passa a ser, inicialmente, um companheiro agradável que, aos poucos, vai se tornando constante. Isso não é regra geral, é óbvio. Pessoas e pessoas bebem socialmente a vida toda e não se tornam alcoólicos. Mas toda regra tem exceção e o álcool não foge a ela. Pessoas e pessoas passam a usá-lo como se fosse uma bengala que sustenta em momentos de nervosismo, em situações de enfrentamento, em períodos de tristeza ou depressão. É aí que mora o perigo! Sutilmente ele vai se instalando na mente da pessoa que só consegue agir ou enfrentar algo após beber algumas doses. Está se formando aí uma união, um casamento do ser com a substância. Uma espécie de "amor" que vai aumentando a cada dia, porque esse "companheiro" é traiçoeiro, é gradativo e, na maioria das vezes, fatal. O companheiro agradável do início vai ganhando vida própria, ganhando espaço em nossa vida a ponto de dominar-nos completamente. E quando a pessoa se dá por conta, está vivendo apenas com e para esse "amor fatal".

A escolha está feita e é nesse momento que o ser se vê preso a uma garrafa, em detrimento da companhia de familiares e amigos. Porque o álcool é um amante ciumento e possessivo. O ser está sozinho de outros seres, porque não consegue mais conviver harmonicamente e passa a viver em função da bebida. É o momento em que passamos a nos esconder para beber, a esconder a bebida nos lugares mais inimagináveis possíveis, a sermos dominados pela irritação e ansiedade só em pensarmos em ficar sem ela. Os amigos se afastam, as brigas familiares aumentam e a gente nem aí! Importa que a garrafa esteja à mão. E, se não estiver, lá vamos nós madrugada afora em busca de um bar para reforçar o estoque...

É essa a vida que tu queres para ti? Esta pergunta eu me fiz inúmeras vezes e por inúmeras vezes disse que não, mas o vício é um gigante que dificilmente podemos vencer sozinhos. Porém, a exemplo de David, nós também podemos vencer esse Golias. Nem que, para isso, precisemos de um exército na retaguarda a nos ajudar nessa guerra. Eu sou a prova viva disso...

Giustina
Enviado por Giustina em 20/10/2013
Reeditado em 20/10/2013
Código do texto: T4534216
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