O grande prêmio
Eu, meu marido e meus dois filhos, estávamos indo na casa da minha mãe, e o caminho para ir até lá, é uma descida brava e ainda com curvas, passa ônibus e eles descem “chutando os pneus”, foi quando eu avistei alguma coisa na rua, um monte bem colorido, ele se agitava, não estava totalmente no meio da rua, mas por ser uma via de duas mãos, alguém poderia bater, achei que fosse um cachorro, vestido, pois estava frio, e ao aproximar mais, eu gritei para o meu marido parar, pois era uma senhora e estava convulsionando, desci correndo do carro e fui para perto dela, tentando ver se estava ferida, e se tinha alguém próximo, pois ela parecia ser dali, foi quando eu avistei duas pessoas sentadas em um banco de costas para a senhora, então gritei com eles perguntando se conheciam e se poderiam ajudar, foi quando o mais velho, gritou de volta :
-“ Dê cinco reais para ela , que ela levanta”.
Eu só olhei, e pensei comigo, por mais que ela quisesse dinheiro, era obvio que tinha problemas mentais, além disto estava deitada de costas e não tinha como ver quem vinha descendo a ladeira e era gorda, não tinha como levantar rápido, vi que não tinha dentes, estava um pouco suja, comecei então a conversar com ela:
- Senhora, tudo bem? Consegue levantar? A Senhora não toma nada para convulsão ? No que ela disse:
-“ Acabou o meu remédio, e eu não tenho dinheiro.”
Eu pedi para ela procurar um posto de saúde, pois havia um bem próximo dali. Então, fiz ela levantar –se e perguntei se ela conseguia ir embora, no que ela balançou a cabeça dizendo que sim, fiquei observando então, e vi ela entrando em uma casa bem pertinho dali..
Estava eu saindo do consultório do meu médico em um prédio de vários andares, e ao meu lado estava um senhor bem vestido, percebia-se que era alguém importante pelo modo de andar e pelo ar de arrogância na cara, foi quando na nossa frente ia um senhorzinho, simples, deveria ter passado em consulta também, e no que ele deu mais um passo, cambaleou na frente do executivo que desviou e nem tomou conhecimento, como se fosse perder seu tempo amparar alguém que poderia ir ao chão, então lá fui eu ao seu socorro, peguei-o pelo braço e voltei para dentro, o fiz sentar, perguntei se estava melhor e recomendei sair dali somente quando estivesse ótimo, no que ele concordou, então eu fui embora, não sem antes avisar ao segurança.
Eu tinha um compromisso e estava com o endereço na mão, sabia que estava perto, mas quem disse que eu achava, fui parar no final da rua e por dedução, com certeza não era ali, voltei novamente, e comecei a prestar atenção em uma senhora com uma criança de uns sete anos, e no que ela dizia no celular:
-“ Dá um jeito de vir me buscar, estou no médico desde cedo e já passa das quatro horas e eu e o Joãozinho não comemos nada, não tenho nem para o ônibus.”
Percebia-se que era bem simples e dava a impressão de que a pessoa do outro lado da linha teria que pedir emprestado alguma coisa.
Não pensei duas vezes, abri minha bolsa e vi que dava para dar uns quinze reais para ela, então, fui até ela e disse:
-“ Tome senhora, dá para o ônibus e ainda dá para vocês dois comerem alguma coisa.”
Ela parou, ficou me olhando como se eu fosse de outro mundo, pegou o dinheiro e agradeceu.
Uma vez estava voltando para casa e ainda faltava uma distância boa para chegar, foi quando eu comecei a passar muito mal, minha filha tinha na época uns seis aninhos e ficou segurando minha mão dizendo que faltava pouco para chegarmos e, quando chegamos, ela aproximou-se de mim e disse:
-“ Mamãe deixe que eu cuido de você agora, pois você sempre cuida da gente”. E foi segurando minha cabeça como eu fazia com ela, quase chorei! Eu não tinha percebido que ela prestava atenção nos meus atos e queria retribuir.
Faça a diferença!!!! Quando for solicitado o seu comparecimento em qualquer situação, não se omita, não finja que não viu e como dizia minha avó: “ Faça o bem sem olhar a quem”.
Pense que um sorriso de agradecimento, um suspiro de alívio, um olhar de esperança, é o seu grande prêmio e não se esqueça que você não irá recebê-lo aqui..
Fatos reais.