Faltou Dizer
Hoje 19/10, por estar a minha mãe com uma tremenda gripe, tive que dar uma de dona de casa e fui ao Guanabara, saí de casa por volta das 16:15 com um tremendo “ânimo”, e como sou daquelas que me preparo para as guerras, por estar o supermercado em festa pelo seu aniversário, com preços tentadores, e já sabendo o que me esperava, lá fui eu com uma paciência redobrada, um humor no grau cem e com uma previsão de aparecer em casa lá pelas dez da noite, mas para minha surpresa eu demorei menos de uma hora comprando o que precisava e também o que não devia, pois ultimamente eu não tenho resistido a um sucrilho. Mas ter ido ao supermercado sem a menor vontade, valeu a pena, pois encontrei em um dos corredores superlotados uma colega, que trabalhou comigo há mais de vinte e cinco anos atrás, e foi uma alegria muito grande, mas muito grande mesmo. É incrível, eu fiquei emocionada, tempos bons aqueles, trabalhávamos na Tianá(Vila Isabel-RJ), ralávamos mais do que coco na mão de baiana em dia de festa do senhor do Bonfim, mas era muito legal. E eu como não poderia deixar de ser estou perdida nas minhas lembranças. Trabalhava na contabilidade, mas por ser pé de boi, qualquer atividade pós-horário de trabalho, tais como inventário de peças, organização de arquivo, sabe-se lá mais o que, eu era requisitada, e ganhava uns trocados. Caramba como eu já fui dura, e precisava desse extra. E depois do trabalho era sentar no bar e tome chopp, sempre gentilmente pagos pelos homens. Nessas ocasiões eram em torno de umas vinte pessoas sentadas à mesa, gargalhadas mil, e muita celebração a não sei o que. Daquela época temos notícias de muito poucos, alguns morreram, outros tomaram outros rumos na vida e desapareceram, mas com certeza todos que ainda estão neste mundo guardam as lembranças de uma época que não faltavam vigor físico e esperança. Uma coisa chamou a minha atenção neste encontro, minha colega disse que eu continuo a mesma daquela época, não na aparência física, claro, e sim na alegria e gaiatice, e eu gostei de ouvir isso, pois no decorrer deste tempo eu tive dores, decepções e perdas, mas não perdi a minha essência que é alegre, e isso é fundamental. Ela também não mudou, continua calma, serena e educada como sempre foi. Nós duas éramos antagônicas, eu sempre espoleta e ela sempre serena, sempre fazíamos dupla, pois o Antonio (gerente de peças), já falecido, dizia que nós éramos o mais perfeito equilíbrio, pois era um misto de atitude e ponderação.
Infelizmente tínhamos outras coisas para fazer, inclusive enfrentar a fila, e não podemos encerrar o nosso encontro em um bar como de costume, ela tomando o seu chopp e eu que não bebo mais, tomando um guaraná. Mas faltou eu dizer a ela: Foi muito bom te rever com saúde e paz. Apenas dei um abraço, mas as palavras marcam mais.