Ponto de Partida

Sentado em um banco á espera do ônibus que me transportaria ao destino que aliviaria os anseios guardados a tanto tempo me vi num lugar comum. Num dia comum. Com uma cena incomum para os atuais padrões. Uma cena que fez a poesia virar prosa. Aos olhos do senso comum diria que fez o coração parar de bater. Numa zueira incomparável, gritos, risadas, e até caras amarradas. Pode-se notar ansiedade, cansaço e até embaraço. Sombras apressadas. Olhar perdido. Olhar cabisbaixo, procurando no chão o que não perdeu.Três figuras: um homem,uma mulher e um adolescente. Uma grossa mochila nas costas e um travesseiro á mão, fazia o jovem quase virar estátua. O homem, como se tivesse gelo nas mãos, freneticamente ás esfregava uma na outra. A mulher por sua vez, olhava ansiosa para o relógio a cada dois segundos. Aquele momento tornou-se único. Inebriável. Inesquecível. O homem esticava a mão para tocar o ombro do jovem que estava absorto nos próprios pensamentos. nem dava tempo dele notar. A mão antes estendida, alimentada pela terrível indecisão, velozmente se recolhia. O ritual continuava. A agitação ficou evidente. A alguns metros surgia o causador daquela angustia. O oponente monstro de ferro, lata e metal aconchegou-se na plataforma dos sonhos. Do medo. Do pesadelo. Da indecisão. Da separação. Tão logo a fenda abriu-se, as lágrimas se tornaram inevitáveis e evidentes para a mulher. O homem tão forte, tão seguro, libertou-se dos seus preconceitos e trouxe o adolescente ao peito. Bocas entreabertas evidenciaram os balbucios foram pronunciados. Não audíveis, mas notados. A força transportada de um indivíduo a outro não passou despercebida para as três figuras, o momento se tornou-se mágico, único. Quando o dragão malvado bramiu e levantou vôo. Segurando em suas garras o adolescente que se aninhou nos braços daquelas outras duas figuras, eles sorriram. o aceno tímido que outros dispensam cotidianamente, tornaram-se um intenso frenesi. As mãos que não tiveram nenhum ensaio, bailavam num mesmo ritmo. Numa cadência única. Numa fantástica dança. Fecha-se a cortina. O palco continua o mesmo. no mesmo instante, ou em alguns, os personagens serão outros. As reações serão outras. A história será outra.

Claudemar Moraes
Enviado por Claudemar Moraes em 19/10/2013
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