MURALHA DA CHINA

REPUBLICAÇÃO NA NOITE DE 19 DE OUTUBRO DE 2013

Dia desses sonhei que atravessava a muralha da China. Como nos sonhos moldamos as cenas e as condições a nosso bel prazer, eu atravessava sozinha a muralha da China que no meu sonho não se parecia, em absoluto, com a Rua Direita ou com o metrô da Sé nos horários de pico; era uma muralha da China anterior a Globalização, este monstro de infinitas cabeças que ainda irá derrubar a muralha e fragmentá-la em muitíssimos pedaços para vendê-la aos turistas como souvenir.

Não: a muralha do meu sonho não era a muralha apinhada de gente, a do meu sonho era uma muralha da China só minha, inteira só para mim. Nem tu, meu amor, estavas comigo lá.

Ninguém mais a atravessar comigo a muralha da China do meu sonho, a muralha fora do tempo, a muralha fora do mundo, a muralha da China só minha, no tempo de um sonho, inteira muralha só para mim.

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Texto escrito em março de 2011.