"Janelas"
“Janelas”
De que jeito, da minha janela, eu vejo o mundo? E o meu próximo, irmão, como ele o vê?
De que jeito, com que régua graduada, eu meço o meu próximo, meu irmão, o meu “igual”? E o meu próximo, como ele me mede?
De que jeito, do alto de plena saciedade, empanturrado até, eu vejo, solidarizo, com o meu famélico, mendigo, irmão, meu próximo e “igual”? E o meu “igual”, esquálido e mal cheiroso irmão , como me vê?
De que jeito, copo na mão, exibido ostensivamente, transbordando de espumante de bebida de saboroso teor alcoólico, eu vejo, o meu próximo, irmão, salivando, de olhos brilhantes a implorar uma moeda, uma ajuda e, indiferente e zangado pelo inoportuno, injuriado, nego? E o meu próximo, irmão, meu “igual”, exalando à “quilômetros” fétidos odores de bebida alcoólica azeda, tomado de desejos, como ele me vê?
De que jeito, motivado pelas minhas demandas/anseios, eu vejo e valorizo as “coisas” – muitas: “mais ter do que ser”? E o meu próximo, o meu “igual”, como ele as vê e as valoriza?
Parece simples... Corriqueiras... Esses jeitos de ver e ser... Que acabam influenciando as inter-relações – do “eu” com o “outro”...Realidades, “janelas,” óticas do “eu” - parapeitos de apoio de egoísticos “cotovelos”... Essa ótica não fica turvada?
De que jeito você vê o “valor” de um pão?
Um jornalista inglês querendo saber o “valor” que as pessoas atribuíam a essas “coisas”, na visão de suas respectivas “janelas” fez uma interessante experiência, usando um prosaico pedaço de pão.
“Visitando várias cidades do mundo – países e continentes -, postou-se anonimamente em várias esquinas/avenidas e dirigiu aos vários transeuntes a seguinte pergunta: “ Você teria coragem de trabalhar uma hora para ganhar este pedaço de pão?” E o que aconteceu? De vários transeuntes (janelas) ouviu as seguintes respostas: Em Amsterdã, Holanda, riram na cara dele; Em S. Paulo, Brasil, chamaram –no de louco; Em Nova York, USA, a polícia o deteve; Em Nairóbi, Quênia, um se dispôs a trabalhar três horas: Na Índia, Nova Deli, várias pessoas se dispuseram a trabalhar o dia inteiro...”
Cada um vê o “pão” segundo a visão da sua “janela”.
Da nossa pequena janela de que jeito vemos?...
...Minha Casa – um pequeno lote, um banheirinho, uma “meia-água”...Uma janela onde apoiar os cotovelos...
...Bolsa Família – uma trivial refeição... Um pedaço de pão...
...E o meu próximo, irmão, o meu “igual” – da sua sofrida “janela” -, como ele vê?
BNandú out/2013