FOTOGRAFIA
O quarto ri. Calcinhas coloridas. Bandeiras do desejo. Olham distâncias. Porta que sai. Janela que entra. Paredes manchadas do azul que se foi. Riscos. Gordura. Quadro. Pinturas. Cuecas lavadas. Cama. Cobertas. Chão. Cadeira. Televisão olhando o nada. O quarto fala, quando Edvaldo cala e lê Além do Jardim, de Maria da Glória Jesus de Oliveira. Despertador sem dó. Vento arrastando o pó. Cheiro de tudo. Cobertor de veludo. Panela no canto. Roer de ratos. Borboleta morta atrás da porta. Colher de ferrugem. Livros tantos. Chave do táxi. Recibos rasgados. No quarto acanhado, gira seu mundo. Calado, gritando. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O quarto ri. Calcinhas coloridas. Bandeiras do desejo. Olham distâncias. Porta que sai. Janela que entra. Paredes manchadas do azul que se foi. Riscos. Gordura. Quadro. Pinturas. Cuecas lavadas. Cama. Cobertas. Chão. Cadeira. Televisão olhando o nada. O quarto fala, quando Edvaldo cala e lê Além do Jardim, de Maria da Glória Jesus de Oliveira. Despertador sem dó. Vento arrastando o pó. Cheiro de tudo. Cobertor de veludo. Panela no canto. Roer de ratos. Borboleta morta atrás da porta. Colher de ferrugem. Livros tantos. Chave do táxi. Recibos rasgados. No quarto acanhado, gira seu mundo. Calado, gritando. Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.