Laranjas e Laranjais
Na Estação de Trem de Itabaiana, diante do vendedor de laranja, ficava a imaginar quem chupou a primeira laranja. O rapazola mantinha, dentro de uma cesta de vime pendurada num dos braços, algumas descascadas, outras com casca e uma pequena faca amolada. Certamente, as primeiras laranjas foram vistas por muitos animais, mas nenhum com a coragem de levá-la à boca. Ao passar das estações, houve muitas laranjas botões, verdes, amarelas, caídas no chão. Laranjas podres, mofadas, abrindo-se para soltarem as sementes, até desaparecerem para reaparecerem... Mas, quem decidiu, por primeiro, alimentar-se daquela estranha fruta? Teria o curioso retirado a sua casca ou suportado o espirro do seu sumo no seu rosto? Lembro-me de Djalma que, brincando com outros meninos na Praça da Indústria, espremia a casca nos olhos do mais fraco para vê-lo chorar e sair tateando como cobra cega. E então, mesmo diante desse ato perverso, retornava-me a pergunta: Quem chupou a laranja pela primeira vez?
Talvez o caro leitor indague não só sobre a laranja, mas sobre todas as frutas que passaram pela mesma experiência, protegendo-se em vida por possuírem desconhecido sabor, ignorada substância, talvez venenosa, matando quem as comesse. Como outras coisas da vida, sempre há de acontecer a primeira vez, para se tornar desejada, querida, costume, hábito e serem frutas vendidas em balaio ou exportadas em grandes navios . Mas, antes, houve um corajoso que enfrentou a fruta desconhecida, levando-a à boca, mordendo-a e ingerindo seus gomos. Mas, quem ninguém sabe, apenas sabe-se que ela é uma fruta cítrica, suculenta, gostosa; quando azeda, comparada com pessoas amargas, intragáveis, angustiadas, sempre zangadas ou “não de bem com a vida”... Mesmo assim, com essa amargueza só se fez analogia às pessoas “amargosas”, depois de experimentada, pela primeira vez, a fruta azeda.
Não se considera invenção a ação de ter chupado a primeira laranja. Jamais se perguntou quem inventou a primeira laranja, não dando a ela a importância de uma descoberta tecnológica; mas que isso foi importante não se pode negar. Imaginem quantos vivem em torno da laranja comestível: pessoas sedentas ou carentes de vitamina “C”; plantadores de laranjais; colhedores de laranja e seus sindicatos; transportadores de fruta; supermercados e pequenos vendedores de rua e as bolsas de valores. Enfim, um mundo de gente, mas todos sem perguntarem quem chupou por primeiro a laranja. Sabe-se sobre a maçã, foi Adão quem a comeu. Mas sobre a laranja, nada diz a Bíblia.
Talvez o caro leitor indague não só sobre a laranja, mas sobre todas as frutas que passaram pela mesma experiência, protegendo-se em vida por possuírem desconhecido sabor, ignorada substância, talvez venenosa, matando quem as comesse. Como outras coisas da vida, sempre há de acontecer a primeira vez, para se tornar desejada, querida, costume, hábito e serem frutas vendidas em balaio ou exportadas em grandes navios . Mas, antes, houve um corajoso que enfrentou a fruta desconhecida, levando-a à boca, mordendo-a e ingerindo seus gomos. Mas, quem ninguém sabe, apenas sabe-se que ela é uma fruta cítrica, suculenta, gostosa; quando azeda, comparada com pessoas amargas, intragáveis, angustiadas, sempre zangadas ou “não de bem com a vida”... Mesmo assim, com essa amargueza só se fez analogia às pessoas “amargosas”, depois de experimentada, pela primeira vez, a fruta azeda.
Não se considera invenção a ação de ter chupado a primeira laranja. Jamais se perguntou quem inventou a primeira laranja, não dando a ela a importância de uma descoberta tecnológica; mas que isso foi importante não se pode negar. Imaginem quantos vivem em torno da laranja comestível: pessoas sedentas ou carentes de vitamina “C”; plantadores de laranjais; colhedores de laranja e seus sindicatos; transportadores de fruta; supermercados e pequenos vendedores de rua e as bolsas de valores. Enfim, um mundo de gente, mas todos sem perguntarem quem chupou por primeiro a laranja. Sabe-se sobre a maçã, foi Adão quem a comeu. Mas sobre a laranja, nada diz a Bíblia.