Evoé, Chico Buarque.

Evoé, Chico Buarque.

As raposas logo aparecem para comer a carniça. O artista e o homem não são os mesmos, por isso, devemos saber diferenciar para não menoscabar a grandiosidade de quem contribuiu para a liberdade democrática. Em um país de apedeutas, pedras são armas e palavras de rechaça passam a ser adjetivos vilipêndios. Chico Buarque tem direitos e deveres e exigi-los faz parte do jogo da sociedade. Sociedade liquida e que ainda quer ser sólida em instituições já falidas como: respeito, ética. O homem e o artista são diferentes e a biografia, certamente, também será. Aqueles que conhecem, a obra do gênio Chico Buarque, não precisam de saber de situações pessoais, pois o que interessa é a contribuição de um rapaz, jovem e velho, que jamais parou de contribuir para a cultura e para a formação do país.

Certamente, devemos estar cheios de referências e de representações, pois estamos sempre armados para destruir o castelo da delicadeza construido por quem conhece a arte, como ninguém. O herói, apesar de vocês, é o que melhor surgiu nesse país, todavia, ainda preferem, as cassandras de plantão, a tragédia e o caos que permeiam a nossa cultura.

A questão é essa!

Não sabemos votar, não sabemos reivindicar, não sabemos fiscalizar, não, não e não. Mas sabemos eliminar o ultimo estertor da nossa paupérrima cultura.

A história não pertence a ninguém, mas a privacidade é direito de quem quer se preservar de mexeriqueiros e futriqueiros.

Chico nos convidou para a "Feijoada completa" e comemos e nos fartamos com sua prolixidade de talento, mas, agora, parece que alguns preferem se empanturrar de migalhas e sobras oferecidas pela mídia venal e parva. Chico, melhor seria ser filho da outra mesmo, pois, aqui, condena-se o salvador e liberta-se o ladrão. Os desvalidos e mutilados não entenderam nada - "Viva Cacilda Becker" -; esses urubus vivem querendo qualquer motivo para fuçar a carniça e vomitar o proselitismo.

A banda vai passar e apesar de vocês, Chico Buarque vai continuar, permanecer e fará sempre brotar, à flor da pele, uma hemorragia de versos. Calem à boca Bàrbaras e joguem pedras em outra Geni, pois há tantos por aí e vocês, aplaudem de pé , contribuindo para o show bizz -arro do instantâneo. Calem-se - Cale-se!

Evoé, Chico Buarque.

Mário Paternostro