No inferno!

Hoje estou com vontade de abordar um tema mais difícil, menos leve e muito menos engraçado!

Devido à algumas coisas que aconteceram na minha vida nesses últimos dias, tenho refletido muito sobre um problema que parece existir em muitas famílias de uma forma ou outra :

O desequilíbrio mental ...

Algo que pode ser desencadeado por drogas, remédios, traumas, problemas familiares ou simplesmente pela genética.
Vale reforçar que desequilíbrio mental nada tem a ver com falta de inteligência, como retrataram muito bem nos filmes "Uma mente brilhante" e "Shine"!

Há muito preconceito em relação à esse tipo de problema e ainda tem gente que morre de vergonha por ter que admitir que já foi a um psiquiatra.

Nosso cérebro é uma engenhoca complicada, cheia de truques, que depende de uma poderosa bioquímica e dos nossos sentidos pouco confiáveis, como a audição, visão ou tato, para ter um funcionamento razoavelmente normal!
Qualquer coisa que altera minimamente esse seu delicado estado, não só ferra por completo a vida de um indivíduo,como também a vida de toda sua família. ( Se tiver, é claro!)

E o nosso mundo está cheio de coisas que podem alterar o nosso estado mental, as vezes de forma definitiva
O álcool por exemplo, a longo prazo destrói os neurônios, deixando a pessoa com problemas de memória e outros danos e a curto prazo pode causar acidentes de trânsito e violência doméstica.

Algumas bebidas "religiosas", como a Ayauasca do Santo Daime, podem ser uma passagem só de ida para uma doença mental, já que em alguns casos desencadeiam neuroses e psicoses para todo o sempre!

http://www.udv.org.br/Viagem+com+cha/Gente+de+paz/96/

Sem apelar logo para as drogas ilícitas mais fortes como o crack, a cocaína e a heroína.....:
já basta a maconha, a queridinha de muita gente, inclusive de alguns políticos e artistas, para levar você a loucura, no sentido literal da palavra!

Além dessas opções "químicas", ainda há diversos traumas que eventualmente mexem com a saúde mental...

Uma coisa está certa....
Quem nunca conviveu com uma pessoa que sofre de distúrbios mentais, ou uma pessoa viciada em entorpecentes, não faz nem ideia, como a vida pode torná-se um inferno.
Ate porque aqui no Brasil há estados e cidades, mesmo de porte médio ou grande, que não oferecem quase nenhum apoio para aqueles que convivem com uma pessoa com distúrbios mentais.
O interesse dos médicos especialistas geralmente gira em torno do paciente, e os familiares em muitos casos são apenas tachados como "os culpados" pelos problemas do doente.
Se for um caso que precisa de internação, as coisas complicam ainda mais, porque as clínicas públicas em geral se encontram num estado deplorável, onde a única coisa que se faz, é a administração de medicamentos calmantes e a privação de movimentos.
As clínicas particulares ficam fora do alcance financeiro da grande maioria.
Muitos planos de saúde só dão direito a uma consulta psiquiátrica por mês, o que é simplesmente insuficiente e terapia com psicólogos e psicanalistas só se for particular...
Você acha ruim as filas do SUS no tratamento de câncer?
Acredite...isso ainda está uma maravilha em relação a quem precisa de atendimento psiquiátrico ou psicológico público!

Encontrar a ajuda necessária para uma pessoa com problemas mentais é um caminho árduo e longo, de sucesso incerto!
Em muitos casos o trabalho do psiquiatra se reduz à prescrição do medicamento da "moda"...
Atualmente o famoso "Rivotril" !

Um remédio polivalente que serve para tudo e para todos!

Você está triste? Tome Rivotril...
Você está agitado? Tome Rivotril...
Você está doidão? Tome Rivotril....

Parece piada, mas não é!

Um dos grandes problemas em relação às doenças mentais é que os pacientes demoram anos e mais anos para tomar consciência que estão doentes, assim como alcoólatras e outros dependentes químicos não acreditam que estão viciados (e amanhã mesmo poderiam parar), as pessoas com problemas mentais costumam afirmar que todos ao seu redor estão doentes, menos eles!

Tenho que deixar bem claro, que aqui dou apenas minha opinião pessoal sobre esse assunto, apenas como alguém que convive há muitos anos com pessoas "problemáticas", e tenho observado que a atitude atual de muitos profissionais da área, de não dizer ao paciente o nome do distúrbio que ele tem, tem dificultado mais do que ajudado...
Embora entendo a ideia de não rotular mais os pacientes, porque isso também pode trazer uma série de problemas!
Mas.....não nomear a doença mental para o paciente, ao meu ver, pode contribuir para a negação da disfunção, o que por sua vez dificulta e retarda um tratamento....como é que se pode convencer um paciente a tomar sua medicação, se este acha que não tem nenhum problema???

Fico as vezes imaginando como deve ser terrível ter alucinações, depressões, desejo de morrer, se sentir perseguido ou acuado, com pavor, raiva ou ódio, preso num mundo próprio, irreal e ameaçador.

Mas igualmente aterrador é a convivência com alguém que você ama, mas que mudou tão radicalmente seu jeito de ser, que não é mais possível reconhecer, como se o tivessem substituído por um estranho de hábitos desconhecidos, com o qual você não tem nenhuma conexão.
É absolutamente assustador ter que conviver com ataques verbais, psicológicos ou as vezes ate físicos!
É triste ver uma mente que já foi brilhante perder a noção da realidade, ficando cada vez mais desconexo.
É difícil arranjar simpatias por sua situação e a dele e mais difícil ainda, é ajudar, quando o doente já não sente mais nada positivo em relação a você, quando ele concentra todo seu ódio, sua raiva e suas frustrações contra todos que o cercam.



Alguns dizem que o inferno é aqui na terra.
Eu ainda dou uma localização mais exata:

O cérebro
 
NinaMiroca
Enviado por NinaMiroca em 19/10/2013
Código do texto: T4531828
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.