Donos da verdade?
Por Carlos sena 



Ser sectário em tudo é perigoso. No amor, por exemplo, até nele! Porque ele pode cegar e cegos você e o amor, certamente vão trumbicar por falta de luz. Sectarizar em política, mesmo em pontos de vistas acerca de coisas do dia a dia como futebol e religião, são facas de dois gumes, que podem ferir ao menor vacilo conceitual. Porque no meio da vida pululam as verdades e as mentiras como se uma fosse a outra e até se alternando como se para isso fossem treinadas. 
Defender pontos de vista cegamente é ignorar que há mistérios entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia não alcança. É ignorar, sobremaneira, que a idolatria irracionaliza; que as paixões cegam; que as verdades são relativas sob certos ângulos de visão. É ignorar, acima de tudo que o que é novo envelhece e que valores velhos se renovam e que há noite e há o dia e que entre os dois há mistérios maiores que os da Santíssima Trindade! 
Discutir política é bom. Discutir religião é falta de dogma. Discutir futebol é um exercício de retórica pobre e burra que leva os interlocutores a ligar nada a coisa nenhuma. Mesmo a discussão política passa a ser inócua quando a ignorância norteia o papo e pode levar os interlocutores a exaustão e, não raro, ao confronto que pode desencadear resultados violentos. 
Relacionar-se sem intenção de convencer outrem acerca dos seus pontos de vista, talvez seja boa atitude. Porque o mundo é uma escola, mas também é uma bola. Como escola nos ensina que seguro morreu de velho; como uma bola, tem sempre dois lados: o de dentro e o de fora. No lado de fora nem sempre o óbvio aparece e no lado de dentro nem mesmo o pensamento às vezes flora com nitidez... Assim, sectarismo nunca seria bom conselheiro, porque se "hoje eu sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã te tenho amor", já nos disse o mestre da canção Raul Seixas numa canção.