BOBOS POETAS
Há muito tempo que me considero um poeta. Aliás, desde que passei a entender e considerar minha existência pensante, reflexiva; desde que me entendo por gente, que sou um poeta. Nem sabia o que era isso e “já era isso”.
Bem mais tarde passei a saber o que seria um poeta e daí tive certeza que era, que sou. Concluir isso foi fácil, pois, aprendi a escrever prematuramente somente para compor versinhos, todos rimadinhos, certinhos, daquele tipo quadrinhas, tendo como base o nascimento da batatinha. Lembram? (Batatinha quando nasce....).
Minha mãe nos ensinava musiquinhas infantis e eu ficava prestando atenção na sonoridade dos versinhos. Nem sabia o que era esse palavrão “sonoridade”, mas me soava gostoso, harmônico (outro palavrão dos poetas metidos).
Até as brincadeiras de adivinhação eu adorava, pois, a gente brincava de adivinhação com perguntas formadas em versos e com rimas. Aquelas “o que é o que é”, do tipo: Águas claras, fonte amarela, casa caiada, ninguém mora nela”.
Ficava encantado com a métrica dos versos (outra coisa dos poetas que nem sabia e já gostava) e com as rimas. Dessa pegadinha eu adorava, pois, as rimas eram ricas. Sim, rima rica, que soube o que era de verdade, muitos anos depois.
Querem saber qual a resposta da adivinhação não é? Ficaram curiosos? Pois a pergunta é mais interessante que a resposta, pelo menos para um poeta. A pergunta é uma bela estrofe, com versos e rima. A resposta é simplesmente uma palavra: Ovo. Sim. Ovo. A clara são as águas, caiada é a casca. As fontes amarelas ficam por conta da gema. Sem graça a resposta, não é? Mas a pergunta é um mimo.
Viram? Até hoje adoro essa perguntinha. Continuo a cada dia mais poeta e ainda tento manter meu lado menino, pois, que todo poeta é uma pessoa adulta, ranzinza, chata, meio filósofa, meu professor, meu pensador, mas que esconde a sete chaves as travessuras de um menino.
Bom, descobrir que eu era um poeta foi muito fácil. Assumir isso intimamente, tudo bem, sem problemas. Aliás, foi até gostoso, altruísta. Assumir publicamente, já era outra coisa. Poeta? Isso é coisa de bicha, de veado, mulherzinha! Ou não? Imaginem, um menino, 8, 10 anos se apresentando como um poeta mirim? Vai virar um veado, certamente diriam. Veado, homo, atualmente já não é crime, até já não é vexatório, mas imaginem há 50 anos atrás...
Imaginem!!! Um homem ainda menino, dado a percepção das amenidades da sensibilidade humana, a querer confessar amor e paixão? Um menino sensível, só podia ser mariquinha. Então, escondia a sete chaves. Escrevia quadrinhas e punha fora. Mais tarde escrevia umas quadrinhas para uma menina e fazia chegar a ela no anonimato. Gozava o seu sorriso quanto a espiava, ao longe, a leitura e com os ouvidos aguçados para ouvir os comentários que a mesma faria para as amiguinhas. Nada mais.
E assim passaram-se os anos, as décadas. Vali-me da facilidade de escrever para me desenvolver profissionalmente. Da sensibilidade, para entender melhor os seres humanos e com isso poder caminhar entres tantos com o entendimento das suas ações. Nada mais que isso.
Usei da imaginaçao, para conviver melhor com os espaços, aprimorando o que chamam de inteligência espacial. Com a facilidade de me comunicar, para desenvolver melhor a inteligência holística.
O tempo passou, fui tomando uns tiquinhos de coragem e fui me soltando, sempre com toda reserva, todo cuidado e sempre lembrando que poeta é coisa de marica. Agora tinha mais uma ameaça no meio profissional. Poeta já não seria mais veado. Eu já era adulto, minhas preferências sexuais já definidas e claras. Esse risco já era inexistente. Tinha outro risco, contudo. Sim, poeta, se não é veado, então é malando, boêmio, cachaceiro, vive no mundo da lua. Poeta não é gente séria, profissionalmente falando.
Um profissional exercendo atividade na iniciativa privada, em função de chefia, de liderança, em áreas exigentes, não pode ser poeta!! Não combina. Poeta é gente fraca, normalmente boêmia, beberrão, mangua;a, irresponsável. E assim o poeta por décadas e décadas fica arquivado, em gavetas quase mortas, escondido nas masmorras da mesmice.
E chegou o tempo, a hora, tarde, mas chegou. Muito tarde, mas melhor que tenha sido tarde do que se nunca tivesse ocorrido. Ajudado pelo tempo, pelos novos tempos - pela imagem formado em décadas de trabalho árduo, perseverante e absolutamente ético - até já posso me mostrar como poeta, sem precisar esconder nas algibeiras da intimidade esse meu veio. Até aí, tudo bem, mas tem mais, muito mais.
Poder me mostrar como poeta já me é permitido sem percalços. Convencer que o sou, é outra coisa, talvez mais difícil, não tão ardida, mas que exigirá muito mais suor. Espero, tão somente, que isso não leve o mesmo tempo que exigiu poder me apresentar como poeta.
Bem mais tarde passei a saber o que seria um poeta e daí tive certeza que era, que sou. Concluir isso foi fácil, pois, aprendi a escrever prematuramente somente para compor versinhos, todos rimadinhos, certinhos, daquele tipo quadrinhas, tendo como base o nascimento da batatinha. Lembram? (Batatinha quando nasce....).
Minha mãe nos ensinava musiquinhas infantis e eu ficava prestando atenção na sonoridade dos versinhos. Nem sabia o que era esse palavrão “sonoridade”, mas me soava gostoso, harmônico (outro palavrão dos poetas metidos).
Até as brincadeiras de adivinhação eu adorava, pois, a gente brincava de adivinhação com perguntas formadas em versos e com rimas. Aquelas “o que é o que é”, do tipo: Águas claras, fonte amarela, casa caiada, ninguém mora nela”.
Ficava encantado com a métrica dos versos (outra coisa dos poetas que nem sabia e já gostava) e com as rimas. Dessa pegadinha eu adorava, pois, as rimas eram ricas. Sim, rima rica, que soube o que era de verdade, muitos anos depois.
Querem saber qual a resposta da adivinhação não é? Ficaram curiosos? Pois a pergunta é mais interessante que a resposta, pelo menos para um poeta. A pergunta é uma bela estrofe, com versos e rima. A resposta é simplesmente uma palavra: Ovo. Sim. Ovo. A clara são as águas, caiada é a casca. As fontes amarelas ficam por conta da gema. Sem graça a resposta, não é? Mas a pergunta é um mimo.
Viram? Até hoje adoro essa perguntinha. Continuo a cada dia mais poeta e ainda tento manter meu lado menino, pois, que todo poeta é uma pessoa adulta, ranzinza, chata, meio filósofa, meu professor, meu pensador, mas que esconde a sete chaves as travessuras de um menino.
Bom, descobrir que eu era um poeta foi muito fácil. Assumir isso intimamente, tudo bem, sem problemas. Aliás, foi até gostoso, altruísta. Assumir publicamente, já era outra coisa. Poeta? Isso é coisa de bicha, de veado, mulherzinha! Ou não? Imaginem, um menino, 8, 10 anos se apresentando como um poeta mirim? Vai virar um veado, certamente diriam. Veado, homo, atualmente já não é crime, até já não é vexatório, mas imaginem há 50 anos atrás...
Imaginem!!! Um homem ainda menino, dado a percepção das amenidades da sensibilidade humana, a querer confessar amor e paixão? Um menino sensível, só podia ser mariquinha. Então, escondia a sete chaves. Escrevia quadrinhas e punha fora. Mais tarde escrevia umas quadrinhas para uma menina e fazia chegar a ela no anonimato. Gozava o seu sorriso quanto a espiava, ao longe, a leitura e com os ouvidos aguçados para ouvir os comentários que a mesma faria para as amiguinhas. Nada mais.
E assim passaram-se os anos, as décadas. Vali-me da facilidade de escrever para me desenvolver profissionalmente. Da sensibilidade, para entender melhor os seres humanos e com isso poder caminhar entres tantos com o entendimento das suas ações. Nada mais que isso.
Usei da imaginaçao, para conviver melhor com os espaços, aprimorando o que chamam de inteligência espacial. Com a facilidade de me comunicar, para desenvolver melhor a inteligência holística.
O tempo passou, fui tomando uns tiquinhos de coragem e fui me soltando, sempre com toda reserva, todo cuidado e sempre lembrando que poeta é coisa de marica. Agora tinha mais uma ameaça no meio profissional. Poeta já não seria mais veado. Eu já era adulto, minhas preferências sexuais já definidas e claras. Esse risco já era inexistente. Tinha outro risco, contudo. Sim, poeta, se não é veado, então é malando, boêmio, cachaceiro, vive no mundo da lua. Poeta não é gente séria, profissionalmente falando.
Um profissional exercendo atividade na iniciativa privada, em função de chefia, de liderança, em áreas exigentes, não pode ser poeta!! Não combina. Poeta é gente fraca, normalmente boêmia, beberrão, mangua;a, irresponsável. E assim o poeta por décadas e décadas fica arquivado, em gavetas quase mortas, escondido nas masmorras da mesmice.
E chegou o tempo, a hora, tarde, mas chegou. Muito tarde, mas melhor que tenha sido tarde do que se nunca tivesse ocorrido. Ajudado pelo tempo, pelos novos tempos - pela imagem formado em décadas de trabalho árduo, perseverante e absolutamente ético - até já posso me mostrar como poeta, sem precisar esconder nas algibeiras da intimidade esse meu veio. Até aí, tudo bem, mas tem mais, muito mais.
Poder me mostrar como poeta já me é permitido sem percalços. Convencer que o sou, é outra coisa, talvez mais difícil, não tão ardida, mas que exigirá muito mais suor. Espero, tão somente, que isso não leve o mesmo tempo que exigiu poder me apresentar como poeta.