15 DE OUTUBRO - FESTEJAR O QUÊ?
Não gosto de datas pré-estabelecidas. Acho que isso é uma forma de tentar, num só dia, a redenção de todos os outros dias em que houve esquecimento. Em se tratando dos trabalhadores em educação essa data, com certeza, perdeu todo o sentido. O professor a cada dia é mais desrespeitado, desconsiderado, anulado como profissional pelas cruéis ações governamentais, que não se limitam apenas a meia dúzia de Estados da Federação. Todos, sim, todos os governos estaduais, independente da sigla partidária, conseguiram fazer do professor um ser triste, sem perspectivas, dando margem às agressões dos próprios alunos, pois o exemplo vem de cima.
Por isso, neste dia 15 de outubro de 2013, não tenho nada a festejar. Apenas digo, com toda a minha experiência, que nossa classe é feita de heróis, de mulheres e homens, guerreiros de primeira grandeza que contribuem, apesar de todas as dificuldades que assolam nossa categoria, para que a Educação sobreviva neste País. Os bons exemplos dos mestres estão aí. Os maus exemplos dos políticos de carreira que, vestindo a roupagem das falsas promessas, conseguem se eleger, também estão aí. Eu deveria, pelo menos, colocar nesta crônica uma frase de esperança. Mas, infelizmente, me vem à mente a imagem dos professores sendo espancados pela polícia militar no Rio de Janeiro. Sangrando, literalmente!
O que se pode esperar de um país que espanca seus professores? O que se pode esperar de um país que esqueceu completamente que todas as profissões passam pelas mãos de um professor? O que se pode esperar de um país que não tem a Educação como prioridade básica? O que se pode esperar desses homens públicos que levantam a bandeira da Educação nas campanhas eleitorais para depois ignorar que o professor merece uma vida mais digna, que o aluno merece uma Educação de qualidade, que as escolas devem ter condições para acolher, orientar, ensinar?
O dia 15 de outubro deveria se chamar o dia do "procura-se" e, a exemplo dos filmes de faroeste, cartazes colados por todos os postes das cidades com a cara dos nossos políticos e governantes indecentes e sem vergonha.
Quanto a nós, professores, nada temos a festejar. Só a lastimar. Festejar o quê?