BAGAÇO DAS VIVÊNCIAS

– em louvor a Magda Costa, a fundadora.

Academia Sul-Brasileira de Letras, 2013, margens do Rio Pelotas. A estância do século XXI engalana-se e o sarau se eterniza. A todos os confrades: acendam-se os candelabros! É redivivo o século dezenove e suas celebrações. Reativa-se o ciclo do charque e seu memorialismo: trabalho do povo de África, varado de fome e banzo, mãos e pernas carcomidas pelo sal, no reino dos charqueadores. Costurou-se a gaúcha economia, varando a Primeira Guerra. Novamente recolutados os espíritos, repete-se a Távola Redonda: menestréis de antanho, seus balaústres de sonhos. Reconta-se a história, caceteando o oficialismo. Um que outro sortilégio de amores no bagaço das ilusões. Para a Academia dos três Estados do Sul, o que são quatro décadas? É o quase nada e o quase tudo nesta estância dos beirais arenosos – Laguna dos Patos – estaleiro dos Farrapos, Bento e Giuseppe Garibaldi, 1839. Para quem reabre a porteira do tempo, o que desafia é o resgate, a luta para redimir a cidadania. Banir os seixos tristes, dizendo um rotundo ‘não’ ao bagaço das vivências da história mal contada... E ainda vemos, nas charqueadas, mantas de carne gorda deitadas sobre os varais?

– Magda Costa é o pseudônimo de Circe de Moraes Palma, nascida em Porto Alegre em 21 de Setembro de 1904 e falecida em Pelotas, a 28 de agosto de 1992. Idealizou e instalou a ASBL, em 09 de maio de 1970.

– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 2013.

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