"Emoções"_*Remorso*_

Emoções_Remorso_

Quantas de nós já sentimos remorso, em alguns momentos de nossas vidas? Deve ter sido inúmeras vêzes, que já nos acabrunhamos, com o coração pequenininho, sofrendo e nos acusando de tamanha sensação de vergonha. Afinal, o que significa mesmo essa palavra: remorso? Uns o definem de perturbação da consciência em alguma falta cometida, outros acham que seja uma angústia cheia de vergonha, por ter julgado, ferido, enlameado nosso irmão com palavras, pensamentos e agressões psicológicas, deprimindo-o, arrasando-o, fazendo-o sentir-se o último dos mortais, caídos em extrema desgraça.

E, aí, arrastamos um arrependimento, uma vontade incoersível de nos punirmos, ao termos feito um julgamento malicioso, precipitado, deprimente de nosso semelhante. Então tentamos limpar nossa consciência, das palavras ditas, duras, tácitas, palavras que pelo seu significado, nos fazem sentirmos um trapo, um farrapo de dimensão tal, que foge à nossa imaginação e que ficamos acorrentados e deprimidos pelo sentido sentimento do arrependimento.

Daí vêm, aos trambolhões, numa corredeira de vergonhosas situações que, na tentativa de limparmos nossas consciências, das nódoas, do dissabor, da vergonha, enveredamos pela auto punição, lançando mãos de tudo que possa nos fazer mais amenos, como acusadores das potências de perfeitos, que não somos mesmo. Por que atirarmos pedras nos outros? Por que enxovalharmos, sujarmos nossos semelhantes com a baixaria de nossas conclusões precipitadas e inverossímeis, na maioria?

As penitências, as lamentações nos agridem na calada daquilo, que considero remorso. Vêm, numa velocidade incrível, a vontade de nos desdizermos o que foi dito, amenizarmos o que nossa maledicência nos fez acusadores, e pouparmos as tristezas que lançamos, na tentativa de voltarmos atrás nos penitenciando, com pedidos de perdão, de arrependimento, em toda sua essência sincera e absoluta.

Por que, ao invés de nos tornarmos impiedosos nas declarações difamatórias. não pensamos duas vezes ou mais, não nos certificamos da verdade, que no fascínio de nossa inclemência, nosso pretenso orgulho de superioridade, que não somos, não temos e, as vezes, nos jactamos de maravilhosos artífices que não possuímos, os da eterna sabedoria. Isso nos enodoa , realmente, fazendo sermos assim, impossíveis de termos ou sermos a perfeição de tais dotes, de tais virtudes.

E as conseqüências disso tudo, não pensamos? Não temos a responsabilidade de nossos atos tão nefastos? Afinal, somos o que? Que partícula de decência nos brinda nossa alma? Emmanuel, através de nosso Francisco Cândido Xavier, já nos dizia que: "Alguns centímetros de remorso pesam no coração muito mais que uma tonelada de sacrifícios". Palavras sábias, no contexto espiritual.

Na resposta aos pedidos de perdão, de alguém que nos magoou, devemos ter a sabedoria, a dignidade de aceitarmos os pedidos, arrependidos, que se curvaram ante nós, na digna e altruística sentença da punição. E devemos estender nossas mãos, nossos corações, nossas almas em enternecidos esplendores de nossos perdões, nossos deixa pra lá, nossas compreensões, com a certeza que, uma ou mais lições que o Altíssimo nos reservou, foram aplicadas, para nós podermos chegar até Êle, no regresso à Casa Paterna para nosso repouso e recompensa espiritual...

Que a força que nos alavanca a vida, nos faça sermos fiéis, justos e humanos com os nossos semelhantes, defendendo-os das maledicências, dos ataques que significam nossas próprias fraquezas...

Maria Myriam Freire Peres

Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2004

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 26/08/2005
Reeditado em 26/08/2005
Código do texto: T45258