"NO TEMPO DAS CEREJAS": UM GOSTOSO PORRE MUSICAL!
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(Para meu amigo de porres musicais Claudionor Santos)
Na companhia de Claudionor Santos, dei-me de presente uma tarde de audição musical, agradavelmente ouvindo a suave voz do fadista Gonçalo Salgueiro, do CD “no tempo das cerejas, que comecei a conhecer musicalmente através da leitora, residente em Portugal, Margarida Barral. Ouvimos atentamente as músicas de todo o CD, cujo gênero musical meu companheiro de música de boleros e de tempos memoráveis de convivência familiar, disse-me que também gostava. Enquanto isso eu e meu convidado que tem pouca visão, mas uma grande coleção de CDs de diversos gêneros musicais, predominando boleros do passado, sobretudo os mais antigos e um grande coração, colocamos nossos assuntos atrasados em dia, relembrando mais do passado do qual sinto saudades e sei que não voltará jamais! Ele me contando do seu passado também!
Foi tão agradável e prazerosa a companhia na audição, que já era noite quando ouvíamos os pássaros cantando em desespero em galhos de árvores que divide os condomínios Mundi e Florença Residencial Park e em uma pequena floresta em um igarapé aos fundos do Mundi, preservada pela movimentação de moradores do Florença, que denunciaram o desmatamento sem autorização da Prefeitura e a obra de onze torres de concreto foi embargada!
Viajamos, literalmente, sem levantar vôo ou andar de carro, escutando a linda, melodiosa e suave voz do fadista Gonçalo Salgueiro. Também ouvimos músicas de cantores como Fátima Marques; a bela música “Sonhos”, de Peninha, que embalou meus sonhos de adolescente também, quando passou um ano em primeiro lugar nas paradas de sucesso das às rádios de Manaus; Caetano Veloso, interpretando temas de novelas e cantores de boleros agradáveis: Zezo, Walter Guimarães e muitos outros excelentes intérpretes. Para rebater o “porre musical”, mais porres ficamos e decidi levar meu convidado em casa, cambaleantes, mas feliz, eu e ele, mas ouvindo o cantar desesperado dos pássaro nas árvores, que me encheu de tristeza na volta!
Sem ainda ouvir a orquestra triste dos periquitos verdes, colocamos nossos passados em dia: ele me perguntando se não existiria no Museu do Porto de Manaus, pela qual se aposentou, alguma foto minha do tempo vendi jornais em uma banca coberta na saída do portão e atendia e conversava muito com os transportadores que faziam carreto para quem chegava ou saía de barco ou navio para navegar pelos rios Negro ou Solimões. Também falei para ele que cheguei a ver “Chatas de Rodas” navegando lentamente e soltando muita fumaça pelo Rio Solimões. Muitas com rodas com palhetas de madeira girando ao fundo fazendo movimentar o pesado barco de carga e passageiros; outras, com duas rodas nas laterais dos barcos, que eram mais rápidos, mas também queimavam madeira, que vinham de Belém. Meu convidado me contou que o pai dele também fora funcionário do Porto de Manaus e tinha por missão consertar as pás de madeira de lei que sempre quebravam durante as viagens...
Contei que havia visto trilho de bondes na Praça da Matriz; ele disse-me que chegou a ver os bondes andando nas ruas de Manaus, levando sonhos de amores e passageiros usando ternos de linho branco e chapéus na cabeça. Falei das Maçãs Geladas e o amigo Claudionor me disse que eram adquiridas em Manaus, pela importadora C.O Produtos Importados, de propriedade do empresário Ambrósio Assayag. Com isso já deu para perceberem que meu convidado tem mais idade que meus 53 anos bem vividos...mas sofridos!
Enfim, foi uma viagem musical no túnel do tempo, concluída com um pout porri de uma seleção de boleros em ritmo de fado! E voltamos mais uma vez para ouvir os versos da primeira música do CD: “Que estranha forma usou Deus/Em dar aos sentidos meus/Um sabor inesperado/Cerejas, recordo bem,/Dizias tu minha mãe/Ser o meu tempo chegado(...) “sob a luz do teu olhar...”