Copas de além mar

Buenas Copas de além mar

Sempre que passo por algum lugar tento perceber algo em mim que não havia notado antes. E esse algo pode ser o próprio lugar,o estar ali ou lá, que nos desperta o olhar, enriquece as percepções, o peito respira mais fundo e quando retornamos havemos de nunca mais sermos os mesmos.

Copacabana faz isso comigo. Aquele lugar conspira a favor de minha inspiração. Não posso deixar de ouvir Copacabana, assim como não deixei de sentir o cheiro de Buenos Aires...ah quem me dera poder voar, e pisar mais longe. Colecionar lugares, assim como Rubem Alves coleciona poesia, os da Bossa um canto, os Sheaksperianos um encanto, os mortais um pranto...

Brasília, um planalto sem verde, Curitibas e suas esquinas, Florianópolis sua doçura de curvas a beira mar, e São Paulo com seus milhares de céus. Um passo pra ver o que é Buenos Aires.

É bom demais poder estar aqui e acolá. Poder andar de botas, e outrora descalça. Poder ler sentada, e passar sorrateira. Ir até onde o povo está, e se recolher pra onde você mesma quer estar.

Não posso deixar de me inebriar por Copacabana. Uma vez alguem me disse; Lá é tão grande...não é aconchegante. Assim eu também pensava sobre Buenos Aires. Mas que calor arrepiante, que mesmo no frio da cordilheira esse tango dá.

É muito gratificante, é inexplicável quando uma viagem nos surpreende pra melhor. Assombroso a sensação de algo tão antigo como o tango, ser ao mesmo tempo tão hoje, pois é calor, paixão, arte, dança, olhar, tudo, tudo muito sedutor por una vuelta a Buenos Aires.

Existem lugares que nos remete sempre a vontade de rever. Assim como pessoas cujas palavras você quer voltar a ouvir, e músicas que não saem de você.

Copacabana sempre conspirando...uma cidade dentro do Rio, um mundo a se minimizar ali, onde de tudo podemos ver. Crianças de pijamas de flanela ao meio dia, um negro de olhos lindos azuis, ruivos ostentando câmeras importadas, velhos a passos curtos e pele bronzeada, mulheres vestidas e seminuas, perfumes no ar, perfumes de mar, barulhos e sons, vento e brisa, samba e bossa, um Palace, uma varanda, uma sacada, uma onda, um desejo de vê-la sempre como a princesa do mar e rainha de um oceano...

Mônica Ribeiro

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 14/10/2013
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