Uma folha cai ao Céu: o ostracismo do idoso no primeiro mundo
O autor, escritor Knud Romer, fala sobre a morte de seu pai e a solidão dos idosos na Dinamarca, um país várias vezes eleito o mais feliz do mundo. Esta história, infelizmente verídica, vai se tornando o norte das melhores sociedades mundiais.
O homem, não só o idoso, é visto como uma mercadoria descartável, tendo até prazo de validade. A vida está totalmente massificada, a ética tornou-se mutável e circunstancial, a moral já não é vista como um bem a ser respeitado, o ser humano trilha os caminhos do ter e deixou de lado a noção do ser, as famílias agora são efemeras, estamos na era do " vou fazer para ver se dá certo ", os filhos por sua vez, já nascem diferentes, não tem mais o lúdico das infancias anteriores , a violencia, mentira, e a currupção são instrumentos da moda e dominam em todos os meios sociais.
No que poderia resultar um mundo dominado pelo orgulho, pelo egoismo, pela falta de solidariedade dos seus habitantes ? Não vejo outra maneira de caminhar, acho que o roteiro já está traçado.
Poderemos fica eternamente estudando filosofia, evocando os grandes mestres do passado, mas se a sociedade não mais responde a esses apelos, se só vive o aqui e agora, então serão apenas palavras ao vento...
O autor, não encontrei nenhuma outra obra publicada por ele, traz a tona um sentimento que nos inquieta: abandona o pai ao esquecimento, revolta-se com a sua doença, e tenta como a maioria das pessoas , culpar o " Governo " e alegando pagar altos impostos, livrar-se da culpa que lhe corrói a alma.
Acho que ele já pagou o preço de sua atitude, a proposta do filme serve para cada qual consultar a sua consciência, colocar-se no lugar do autor, e quando chegar a hora, tentar, se para tanto a musa lhe socorrer, agir de forma mais humana ou da mesma forma que tantos já fizeram.
Eis a grande questão, acho que essas coisas e as respostas para esses dilema, já estão dentro de cada um de nós, não serei eu a julgar uma mãe que não tem amor ao filho, nem um filho que aniquila toda família.
Se acredito que o jugo é suave, se para tanto preciso entender a Lei de ação e reação, se preciso entender e respeitar o livre arbitrio de cada um, se tenho noção de que não existem vítimas e algozes, se acredito que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, não mais tenho o direito de ficar espantado com os escandalos que já vieram e ainda estão por vir.
Mas nem por isso, deixarei de colaborar com a minha cota de responsabilidade e mesmo sabendo que no meu bico cabe pouca água, jamais deixarei de socorrer um incendio, por mais pavoroso que possa parecer.
Assim penso e como Vinicius, continuo achando, que se temos braços longos, é para que possamos continuar enterrando os nossos mortos.