Em tua volta! Novamente...
Em Tua volta! Novamente...
Agora que já passou, o botão do som foi desligado e os convidados dispersos se foram, cada qual com um pensamento, acalentando mais um sonho ou revivendo outro do passado. Tudo cessa, e o silencio da noite recobra com vultos e sons próprios. Estou calmo, os momentos de cisão vem e passa e eu não posso alterar as escolhas, mas a calma é na melhor das hipóteses, uma trégua incerta e perigosa para todos os que a ela se confiem...
São lutas diárias, algumas inexplicáveis ou até mesmo invariavelmente dispensáveis. O confronto é determinante, muito embora um tanto disperso, desprezível. Afinal, o que querem mostrar? De tudo o que são capazes ou do que gostariam de ser? Ou esconderem-se da voracidade que tomou conta dos homens que mais se assemelham a tudo o quanto abominamos e que tememos. Eu sinto que é tempo de fugir. A fuga é sem duvidas, uma das formas mais antigas de evitar o confronto. Vivemos fugindo, nos refugiando nos escombros das estradas percorridas, nos escorando nas ruínas das edificações básicas e mais elementares da gentileza, da ética, da fraternidade e do amor...
Nós que temos uma riqueza imensurável de amor dentro de nos e não sabemos usar, doar um pouco que seja de carinho, compreensão ou mesmo de esperança a alguém que às vezes está próximo e não temos a coragem de desvendar os olhos e ver, a verdade... Ainda ontem, me submetendo a uma tomografia, totalmente entregue a diagnósticos impensáveis, a partir do momento que aquela máquina esquadrinhava o meu peito eu pensei: será que dentro de mim se encontra apenas um órgão responsável pela irrigação de artérias, adutor de vida, ou um coração que acima de todas as suas atribuições, está repleto de uma energia inesgotável chamada amor? Mas, a vida é repleta de tantas surpresas, acontecimentos e singelezas que explodem em todos os oceanos, abrolhos de emoções e, eu sei que estou em uma nova etapa de vida. Amei a minha festa de aniversário. Foi uma das mais belas que eu tive. Fora as ausências eu não contive as lágrimas que afloraram os meus olhos quando acabou... Foi magia perfeita, alegria impar. Como se o vento da felicidade descesse das nuvens e visitasse a cada vitrine de vida existente em cada um de nós e nos premiasse com a gratidão do amor...
Agora, não tem volta, eu embarquei na nau dos 63 anos, e peço a Deus que bons ventos me levem à ilha da felicidade e, que eu possa ser aceito, até que o rumo das marés me anuncie em tua volta, novamente...
Airton Gondim Feitosa