Um Presente das Crianças
 
Neste 12 de outubro, não dê só presente. Dê futuro!
(Nena Medeiros)
 
Dia das crianças. Não as tendo por aqui, para ofertar-lhes mimos, trouxe, delas, alguns presentes para você. Divirta-se!

Mãe e filha no supermercado e a menina pedia tudo o que via. Ao chegarem ao caixa, ela viu uma caixa de camisinhas, preta com um morango desenhado. Pensando ser chocolate, pediu:
- Compra, mãe?
Sem olhar o que era, a mãe respondeu baixinho:
- Agora não, meu anjo. Você já vai jantar.
E a garotinha, levantando a voz e a caixinha para que todo mundo visse:
- Compra, mãe! Pra depois do jantar!


O menino apelou:
- Para, pai! Não quero mais brincar com você. Você judia muito de mim.
O pai, acabrunhado, mas conhecedor de sua prole, seguiu na farra com os dois mais novos. Depois de dois minutos de cócegas e gargalhadas, o mais velho capitulou:
- Tá bem, pai! Judia de mim também. Mas só um pouquinho, tá?


- Tia? - a criança chamou chorosa.
A professora assustou-se.
- Alice? O que houve? - e estendeu os braços para abraçar a menina.
- A Denise me mordeu!
E mostrou o dedinho magoado.
A tia tentou minimizar a querela:
- Ah, não foi nada. Nem marquinha ficou.
A pequenina conferiu o dedinho, secou as lágrimas, respirou fundo, soltou-se do abraço e caminhou resoluta na direção da coleguinha. Mostrou-lhe o dedo e ordenou:
- Morde de novo!


A menina foi deixada no carro apenas enquanto seu pai destrancava o portão. De repente, ele ouviu-lhe a voz esganiçada:
- Ai, minha nossa! Ai, minha nossa!
Ao virar-se para ver o que acontecia, deparou-se com ela parada em pé ao seu lado, gritando, as mãozinhas na cabeça, enquanto o carro descia a ladeira, até chocar-se, já em velocidade, contra um poste de concreto.
- Filha! O que houve? - perguntou, horrorizado. - Você mexeu em alguma coisa?
- Eu queria sair, o treco prendeu minha saia. Eu baixei ele.
- O freio de mão!! Você soltou o freio de mão!?
- Sorte sua, né? Imagina a bronca que a mamãe ia te dar, se eu ainda estivesse ali dentro! - disse, apontando com o queixo, o carro destruído lá embaixo.


Ao ver o pai cochilando no sofá, vestindo apenas bermudas, o guri acordou-o, alarmado:
- Papai, veste a camisinha! Senão você pega AIDS.

 
Texto publicado no jornal Alô Brasília, na edição de 11/10/2013.