'' A CHUVA, A LAMA E O CARACOL ''

De repente a tarde se fez noite.

De uma hora para outra, tudo mudou.

Quem ainda estava sem abrigo, logo tratou de se acolher. A chuva começou. Sabe aquele toró que arde na pele. Pois é. Desse mesmo. Em questão de minutos a enxorada descia ladeira a baixo levando o que tinha e o que não tinha pela frente. Deus nos acuda. De longe alguém gritou, prepara a vela, porque do jeito que tá, a luz vai logo embora.

Velas a postos. Caixa de fósforos a postos. Era questão de tempo.

Aqui na baixada do "corta braço" é assim. Basta dá uma chuvinha, pronto. Ainda mais se for uma de carregar tudo. Ai, danou-se.

A lama já estava invadindo tudo. Padaria, armazém, barbearia, escola, oficina, casas etc. Em fim, toda a comunidade estava debaixo d'água.

Bem. Nem toda. Daqui do meu cafofo, no 3º andar, percebo o corre-corre.

Não vou descer nem pra pegar o pão. Vou comer feijão com ovo frito.

Mais tarde quando a chuva cessar, eu saiu do meu buzu.

Isso bem mais tarde.

Abraxé.