CADA QUAL COM SEUS SUSPIROS
Enquanto dirigia o carro, ia pensando na lista de compras.
Sem querer suspirei alto, um suspiro de enfado. Afinal essa é uma tarefa que executo há tantos e tantos anos.
Chegando ao mercado, fui direto ao setor de hortaliças, e frutas, ali, é sempre o lugar em que mais me demoro, escolher cada fruta, legumes e verduras, ah, que trabalhão.
Acho que nem percebi, o momento que liguei o piloto automático, enquanto escolhia cada item.
Assim, pude dar asas aos meus pensamentos, e eles foram buscar as lembranças da venda simples e acolhedora de meu avô. Lá, sim, era fácil de fazer compras, pois os atendentes da época, pesavam, e escolhiam tudo para os fregueses.
O armazém do seu Totó, como era conhecido, era um agradável ponto de encontro, para se trocar um dedo de prosa.
Ninguém tinha pressa de sair da venda do meu avô.
A vila era pequena e todos os moradores se conheciam.
As mulheres transformavam as compras, em momentos de encontro, para rever as conhecidas, as comadres, e com isso aproveitavam para além das conversas triviais e fofocas, desabafar as suas preocupações.
Creio, que o armazém de meu avô, funcionava como uma terapia, para os habitantes da vila. Pois, naquela época, não se usava fazer terapia em consultórios.
Com essas lembranças, suspirei de saudade.
Só despertei, de minhas recordações, quando um senhor, muito educado, de cabelos brancos, me perguntou se eu poderia ajudá-lo, a reconhecer o que era inhame. Explicou que sua esposa colocara na lista, mas ele nem sabia do que se tratava.
Prontamente, levei-o onde se encontrava o tubérculo, muito meu conhecido, pois o utilizo toda manhã nos sucos verdes que preparo.
Gentil, ele me agradeceu, e disse que sua esposa, é exigente com as compras, não gosta que falte nada da lista.
Em seguida, ouvi quando ele suspirou alto, creio que de alívio, por ter encontrado o inhame.
Acabei minhas compras, e me dirigi ao caixa. Nessa hora, suspirei de alegria, por ter terminado.
Como havia filas nos caixas, procurei pelo de pessoas com mais de 60 anos. E cheguei junto com o senhor que havia me pedido informação.
Educadamente, ofereci para que, ele passasse primeiro. Pela aparência, ele desmonstrava ter mais de 80 anos, portanto, eu podia esperar.
Ele, porém, recusou minha oferta, e disse-me: Sem dúvida eu envelheci, mas os anos não me roubaram o cavalherismo. Continuo deixando as damas passarem primeiro.
Agradeci, e comecei a retirar minhas compras do carrinho.
A funcionária que a tudo assistia, disse: olha, isso não se usa mais, os moços de agora, não dão nem lugar para as mulheres grávidas ou idosas, nas conduções.
Ela, ainda, acrescentou: Que pena que o senhor envelheceu, e pelo jeito é casado.
Ao terminar de dizer, ela suspirou fundo.
Não pude deixar de rir, do suspiro que a funcionária deu.
Me pareceu um suspiro de lamento, pelo homem ser idoso e casado. Ou seria pelos jovens de hoje, não serem mais cavalheiros, como aquele senhor ?
Suspirei fundo e pensei: É.... cada qual com seus suspiros.
(Imagem: Lenapena)
Enquanto dirigia o carro, ia pensando na lista de compras.
Sem querer suspirei alto, um suspiro de enfado. Afinal essa é uma tarefa que executo há tantos e tantos anos.
Chegando ao mercado, fui direto ao setor de hortaliças, e frutas, ali, é sempre o lugar em que mais me demoro, escolher cada fruta, legumes e verduras, ah, que trabalhão.
Acho que nem percebi, o momento que liguei o piloto automático, enquanto escolhia cada item.
Assim, pude dar asas aos meus pensamentos, e eles foram buscar as lembranças da venda simples e acolhedora de meu avô. Lá, sim, era fácil de fazer compras, pois os atendentes da época, pesavam, e escolhiam tudo para os fregueses.
O armazém do seu Totó, como era conhecido, era um agradável ponto de encontro, para se trocar um dedo de prosa.
Ninguém tinha pressa de sair da venda do meu avô.
A vila era pequena e todos os moradores se conheciam.
As mulheres transformavam as compras, em momentos de encontro, para rever as conhecidas, as comadres, e com isso aproveitavam para além das conversas triviais e fofocas, desabafar as suas preocupações.
Creio, que o armazém de meu avô, funcionava como uma terapia, para os habitantes da vila. Pois, naquela época, não se usava fazer terapia em consultórios.
Com essas lembranças, suspirei de saudade.
Só despertei, de minhas recordações, quando um senhor, muito educado, de cabelos brancos, me perguntou se eu poderia ajudá-lo, a reconhecer o que era inhame. Explicou que sua esposa colocara na lista, mas ele nem sabia do que se tratava.
Prontamente, levei-o onde se encontrava o tubérculo, muito meu conhecido, pois o utilizo toda manhã nos sucos verdes que preparo.
Gentil, ele me agradeceu, e disse que sua esposa, é exigente com as compras, não gosta que falte nada da lista.
Em seguida, ouvi quando ele suspirou alto, creio que de alívio, por ter encontrado o inhame.
Acabei minhas compras, e me dirigi ao caixa. Nessa hora, suspirei de alegria, por ter terminado.
Como havia filas nos caixas, procurei pelo de pessoas com mais de 60 anos. E cheguei junto com o senhor que havia me pedido informação.
Educadamente, ofereci para que, ele passasse primeiro. Pela aparência, ele desmonstrava ter mais de 80 anos, portanto, eu podia esperar.
Ele, porém, recusou minha oferta, e disse-me: Sem dúvida eu envelheci, mas os anos não me roubaram o cavalherismo. Continuo deixando as damas passarem primeiro.
Agradeci, e comecei a retirar minhas compras do carrinho.
A funcionária que a tudo assistia, disse: olha, isso não se usa mais, os moços de agora, não dão nem lugar para as mulheres grávidas ou idosas, nas conduções.
Ela, ainda, acrescentou: Que pena que o senhor envelheceu, e pelo jeito é casado.
Ao terminar de dizer, ela suspirou fundo.
Não pude deixar de rir, do suspiro que a funcionária deu.
Me pareceu um suspiro de lamento, pelo homem ser idoso e casado. Ou seria pelos jovens de hoje, não serem mais cavalheiros, como aquele senhor ?
Suspirei fundo e pensei: É.... cada qual com seus suspiros.
(Imagem: Lenapena)