BRINCA COMIGO, PAI?
O pai chegava sempre às sete horas da noite.Costumava sentar-se
numa poltrona da sala, afrouxar a gravata, tirar os sapatos e, antes
de tomar banho para o jantar, brincar um pouco com o filho caçula,
de 7 anos; ficavam os dois, sentados no tapete, brincando. A mãe
observava a cena sorridente e pensando: "Como era bom vê-los, ali,
felizes, esquecidos do resto do mundo, somente pai e filho, alegres,
no entreter da disputa do jogo!" E ela, contente, preparava, como
sempre, o jantar para a família.Entretanto, naquele dia fora diferente;
o pai chegou muito cansado, com uma dor forte no braço, pedindo
ao filho que ficasse bem quietinho, pois estava doente; a esposa
veio logo ajudar, acalmaram o filho, chamando a babá, para que o
levasse ao quarto brincar. O menino obedece, mas sem entender
o que acontece, pergunta ao pai:"Brinca comigo, pai? Hoje tem um
jogo novo, diferente." A mãe, aflita, para poupar esforço do marido,
diz ao menino:"Agora o papai não pode, vá jogar com a babá, logo
voltamos do médico e você poderá brincar com seu pai." O menino
abaixa a cabeça e acompanha a mulher, a qual lhe estende a mão,
para levá-lo ao quarto.O pai fez os exames, aguardou o resultado,
havia tido um enfarto; novos exames seriam pedidos, ele ficou em
observação, até o dia seguinte. Em casa, o menino pedia: Cadê o
meu pai, eu quero brincar com ele?" Felizmente, apesar do grande
susto, o homem logo poderia voltar à casa e brincar com seu filho,
entretanto, mudaria a rotina, os cuidados seriam redobrados, para
que a saúde fosse preservada.Para alívio da família.