Inocente, mas esperta

Em todas as casas tinham. Eram fotos/close de um mesmo nenê em várias poses, inclusive chorando. Todos que iam nascendo ganhavam lugar na parede. Crescíamos olhando irmãos e primos eternizados em lindas carinhas inocentes. Porque só na minha não havia uma chorando? Com o correr dos anos desisti de perguntar e só receber uma risada como resposta, até que minha mãe perdeu a paciência com a minha insistência e, já adulta, fiquei sabendo. Para o nenê chorar o fotógrafo pedia que a mãe se afastasse. O choro era imediato, menos eu, porque eu tinha a certeza que minha mãe jamais me largaria. Não era o choro que a faria voltar, mas acreditava no amor que ela tinha por mim.

Ana Toledo
Enviado por Ana Toledo em 09/10/2013
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