SubSanta, subnós
SUBSANTA, SUBNÓS
(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 25.09.13)
Há, havia, uns quantos assuntos a chamar a atenção do cronista, temas sobre os quais ele poderia divagar neste espaço. Do ponto de vista pessoal, despontava a crescente falta de tempo para parar por instantes, digerir fatos rápidos e leituras ligeiras, tomar ao menos conhecimento das mensagens (geralmente eletrônicas, mas não só) que lhe chegam, refletir sobre a vida e o mundo, ler melhor alguns instigantes pontos de vista alheios, favoráveis e contrários a um dado argumento, e, por fim, escrever sobre essa salada russa que nos assola sem cessar. Em especial, crescia (e cresce) no escriba a angustiante dificuldade para desfrutar os prazeres do convívio com os livros que vê empilhando-se implacavelmente à sua frente e da produção dos textos literários que imagina nos seus lentos deslocamentos, ao volante, pelas ruas de uma cidade entupida que não conta com transporte coletivo eficiente.
Em suma, muito trabalho, muito compromisso, muita atividade e - o que acaba por ser redundância, no caso - pouco dinheiro. Pois o que desejará mais um escritor do que ser lembrado e aplaudido? Não é assim que as pessoas costumam pensar?
Entre os temas que a semana ofereceu, houve a reunião de trabalho, por dois dias inteiros, do Fórum Catarinense do Livro e da Leitura. Realizada no cinema do CIC na quinta e sexta-feira, juntou interessados de todo o Estado com palestrantes do Ministério da Cultura e do Instituto Pró-Livro, de São Paulo, que falaram sobre as melhores maneiras para desenvolver o trabalho, e da prefeitura de Joinville e da Biblioteca Pública do Paraná, que narraram suas experiências na criação de um plano para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas. O objetivo, aqui, é transformar em lei o conjunto de ideias a serem democraticamente recolhidas e discutidas em todas as regiões catarinenses, instituindo um plano de Estado - que se sobrepõe ao desejo ou mera intenção do governo de ocasião.
É singelo o princípio básico da movimentação dessa gente toda: o acesso ao livro é um direito da cidadania e sua promoção é um dever do Estado e da sociedade. A razão da necessidade de leitura é ilustrada por Karine Pansa, administradora de empresas e presidente da Câmara Brasileira do Livro: "Vargas Llosa dizia que 'um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias'. O Brasil ainda não atingiu os níveis de leitura satisfatórios para que possamos afirmar que temos um público comprometido com a leitura." O que sonhamos, enfim, é com uma população de rebeldes. É isto que irá permitir o que tanto buscamos, seja na manifestação das ruas, seja nas indignações públicas ou privadas: mudar o País.
Mas houve também, na semana passada, a revelação de novos episódios da espionagem do governo dos EUA contra o governo e as empresas do Brasil - violações condenáveis sob quaisquer considerações ideológicas mas que alguns brasileiros, manipuláveis e crentes nos lemas que certo "marketing" repisa à exaustão, acreditam ser a coisa mais natural do mundo.
O problema é que, de súbito e de novo, um mundo de água desaba sobre o Estado, virtualmente submergindo Santa Catarina e muitos de nós, e isto acaba por se sobrepor às minúcias da vida. Entre os enormes danos materiais provocados pelas chuvas, não se contabilizam, entretanto, as bibliotecas atingidas e os livros de literatura perdidos - oportunidades de crescimento que se vão corrente abaixo.
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Após os fatos narrados abaixo, quebrou no dia 28.09, sábado, o meu antigo computador portátil, onde mantinha cópia de parte dos meus arquivos. A máquina continua quebrada e apenas no dia 07.10, segunda-feira, consegui recuperar parcialmente meu material de trabalho, arquivos inclusive, em um novo portátil. No dia 04.10, técnicos da banda larga trocaram conectores, pontas de cabos telefônicos, modem e roteador que deixavam minha internet virtualmente inoperante.
Por sorte (acho eu), setembro já acabou...
Depois de ficar mais de 24 horas (entre 14 e 15.08) sem banda larga, a qual continua caindo com frequência, fiquei sem computador da noite de quarta-feira, 04.09, até a tarde de quinta, 12.09, quando me foi devolvido pela assistência técnica com a notícia da perda de todos os meus arquivos, programas, senhas e "links". Nesse tempo, meu acesso à internet foi quase nulo - dificuldade que, obviamente, persiste até recuperar o que for possível das minhas cópias de segurança.
Lamento e peço desculpas pelo "apagão".
Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados, alguns dos quais à venda no sítio da TECC Editora, em http://www.tecceditora.com. A partir de 26 de agosto de 2013 integra o Conselho Estadual de Cultura, na vaga destinada à Academia Catarinense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 32.
Janeway Smithson estava naquele trabalho havia vinte e cinco anos e era estúpido o suficiente para se orgulhar disso.
Charles Bukowski, Factótum