DE VOLTA PARA O COMEÇO. SERÁ?

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Leitores, depois de uma semana sem escrever, por sentir forte dor nas costas que me deixaram travado na segunda e na quinta-feira, eis a primeira crônica que consigo escrever sem sentir dores lombares, travamentos e dormência nas pernas e nos braços. Um abraço a todos que torceram e rezaram pela minha recuperação. Ainda sinto dores e inspiro cuidados, mas estou melhor:

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Usamos a frase de volta para o começo, sempre que iniciamos uma nova jornada, voltamos para os antigos caminhos, sonhos, amigos, lembranças que tínhamos de um passado ou voltamos a residir em um mesmo bairro, mesma cidade, mesma rua, enfim. Mas até que ponto isso pode ser verdade?

Como afirmara um filósofo pré-socrático, que ninguém poderia se banhar na mesma água de um rio duas vezes, por não ser mais a mesma e estar sempre em movimento e nem o homem seria o mesmo, pois também não seria mais o mesmo, porque alguma coisa já seria diferente, não existe a fantasia de a volta para o começo que sempre desejamos, esperamos e gostamos de dizer!

Diante disso, não podemos voltar ao começo, porque haverá sempre alguma coisa diferente, embora pareça ser igual aos nossos olhos, mas nunca será. Haverá algo diferente, embora não aparente, porque as aparências sempre enganam aos olhos. Assim como a água corre, a vida também corre, embora pareça igual, nunca será. Também como a água que corre, enfrenta obstáculos e vence, a vida é igual e sempre vence desafios, supera obstáculos que lhe são impostos, mas sempre os vence. Embora muitos afirmem que estão dando voltas sempre no mesmo lugar, como se fosse uma rotina já conhecida e costumeira, isso não é uma verdade porque a vida é uma constante evolução, mas nunca se pode recomeçá-la como gostaríamos de fazer, porque estamos sempre em movimento.

Os dias não são sempre iguais. As noites também não! As dores lombares que senti nas costas por uma semana, muito menos! Nada é igual ou se repete! Há sempre algo diferente nos dias e nas noites; embora pareçam ser. Nem a rotina é igual todos os dias, nem os aborrecimentos, frustrações ou desejos e tudo o mais que desejaríamos que fossem nada será igual! É como o tempo que, embora não exista como pensamos, ele simplesmente o é e não se discute, por ser aceito como uma convenção!

Assim é o homem, assim é a vida, assim será a morte: nunca serão iguais para todos. Talvez por isso sempre escreva sobre meu Varre-Vento que imagino que ainda seja calmo e tranquilo, cheio de árvores, de campo, de plantações de pés de cacau, mas sei que ele não é mais igual ao que guardo no coração como lembrança preciosa de uma época feliz e despreocupada, quando usava apenas calções costurados com restos de sacos de açúcar, tomava banho na chuva e brincava correndo como se o amanhã nada fosse me cobrar.

Confesso que nunca mais tive coragem de voltar à paisagem que tenho como fonte de inspiração, com suas águas do Rio Solimões correndo fortes, derrubando terras e fazendo-as desaparecer e aparecer em outros lugares. Confesso meu medo de ter uma decepção por ter outra visão do lugar que guardei no coração como se fosse uma joia rara. Mas precisamos nos preparar para essas mudanças porque os dias também não se repetem igualmente, embora pareçam se repetir, como um dèjá vu. Mas nem mesmo o sol nasce todos os dias de forma igual, como a chuva, o vento, o frio e a vida não são sempre iguais, embora pareçam ser.

Como a água que se movimenta em um rio, o homem também não poderá ser sempre igual. Que loucura seria a vida, se tudo fosse sempre igual? Que ridículo seria viver assim!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 07/10/2013
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