Sonho?
Acho que acordei. Sinto meu braço esquerdo sob meus olhos, o direito dobrado por trás de minha cabeça. Minhas pernas estão dobradas para cima, assim como meu avô fazia. Estou deitado em minha cama. Não tenho visão alguma, a não ser um pequeno pedaço da umbra que me mostrava a porta de meu quarto apenas, que fica ao canto de fundo do cômodo, à esquerda de minha visão. Minha boca está seca.
Ouço passos. Pelo peso que eles possuem, presumo que seja meu pai, em mais uma de suas perambulanças noturnas. Sinto esses passos chegando perto a meu quarto.
Meu pai nunca vai até meu quarto. Levanto um pouco meu braço esquerdo.
Então ouço a maçaneta girar e a porta abrir em um leve movimento que fez meu coração disparar, meus pulmões ficarem sem ar e meu corpo suavemente tremer, fazendo minha mente entrar em um conflito de medo, confusão e desespero. Estou transpirando. Não enxergo nitidamente quem está ali. Vejo um vulto negro em forma humana se aproximar muito rapidamente do lado esquerdo de meu rosto. Meus olhos estão paralisados, fixados no teto. O enxergo com as pontas dos olhos. O vulto que tomou uma cor acinzentada, começa a declamar línguas estranhas em meu ouvido, um canto nunca antes ouvido, tinha voz e sílabas nunca antes por mim escutadas. Minha boca começa a tremer. Não me contento e em meio à aquela escuridão e agonia, e meus lábios cedem às línguas estranhas, após alguns segundos, o vulto cessa, e quase instantaneamente, eu também. Ele assim como se aproximou, ele se afasta, negro, em forma de homem e muito rápido. Estou ainda mais suado e com os lábios secos.
Até que o calor de meu corpo me fez abrir novamente os olhos, retirei o mesmo braço de cima de meus olhos e nada conseguia enxergar, havia apenas escuridão. Tive que conviver alguns instantes com o medo, minhas orações e Deus. Só pra horas mais tarde ter um esboço do que realmente aquilo se tratava, se tinha ou não sido apenas um sonho.
17/06/13